Fio de esperança

Compartilho post de Pedro Munhoz, amigo de Facebook, que reflete minha esperança e desejo. Esperança que nossa luta terá continuidade e desejo de que até conseguirmos virar o jogo, o sofrimento dos que serão atingidos pela PEC da maldade (PEC 55) seja minorado pela solidariedade, que é o que resta e que não poderão cassar, impedir (“impixar”), revogar, reduzir, cortar, prender, denunciar, acusar, denegrir, distorcer, manipular …

Paulo Martins

Fosse outro dia, fossem outros tempos, fossem alguns anos a menos nas costas, eu chegaria em casa, como cheguei há uma hora, e contaria o que eu vi na manifestação de hoje com alguma riqueza de detalhes. Mas hoje, talvez por ser hoje, talvez por estar com muitos sapos entalados na garganta que me foram violentamente servidos pelos senhores de acaju nos cabelos e seus lacaios de farda, talvez por estar me sentindo velho, alquebrado, ranzinza e triste; vou apenas me agarrar ao poderoso fio de esperança que é essa juventude que foi às ruas para apanhar e respirar veneno enquanto lutava por justiça, tomar um banho e dormir. Podem aprovar o que quiserem, o que conseguirem, a luta está apenas começando.

Nota de FHC sobre Fidel Castro

A introdução, abaixo – duas linhas – é da amiga de Facebook Mara Teles.

Paulo Martins

Esta nota, generosa e digna, é o lado do FHC que eu admirei – bem diferente do político atual no qual ele se transformou. Vale a pena ler.

“A morte de Fidel faz recordar, especialmente à minha geração, o papel que ele e a revolução cubana tiveram na difusão do sentimento latino-americano e na importância para os países da região de se sentirem capazes de afirmar seus interesses.

A luta simbolizada por Fidel dos “pequenos” contra os poderosos teve uma função dinamizadora na vida política no Continente. O governo brasileiro se opôs a todas as medidas de cerceamento econômico da Ilha e, desde o governo Sarney até hoje as relações econômicas e políticas entre o Brasil e Cuba fluíram com normalidade.

Estive varias vezes com Fidel, no Brasil, no Chile, em Portugal, na Argentina, em Costa Rica e etc. O Fidel que eu conheci, dos anos noventa em diante, era um homem pessoalmente gentil, convicto de suas ideias, curioso e bom interlocutor.

Os tempos são outros hoje. Do desprezo altaneiro aos Estados Unidos, Cuba passou a sentir que com Obama poderia romper seu isolamento. As nuvens carregadas de Trump não serão presenciadas por Fidel. Sua morte, marca o fim de um ciclo, no qual, há que se dizer que, se Cuba conseguiu ampliar a inclusão social,não teve o mesmo sucesso para assegurar a tolerância política e as liberdades democráticas.

Junto com meu pesar ao povo cubano pela morte de seu líder, quero expressar meus votos para que a transição pela qual a Ilha passa permita que a prosperidade aumente, mas que se preserve, num ambiente de liberdade, o sentimento de igualdade que ampliou acesso à educação e à saúde.

MUNDO PIG: Líderes da base de apoio ao governo Temer entregam manifesto de apoio a Geddel

Este é o primeiro artigo da nova seção do blog. O título desta nova seção é MUNDO PIG. No caso do ministro Geddel, por duplo motivo: por se tratar de matéria de um jornalão PIG e pelo apelido que o homenageado ministro recebeu do saudoso Renato Russo.

Os golpistas perderam a vergonha de vez e acham que têm um cheque em branco para fazer qualquer coisa, na frente de todo mundo e ainda caem na gargalhada, debochando de todos.

Paulo Martins

22/11/2016 18h26 – Atualizado em 23/11/2016 08h14
Líderes da base entregam manifesto de apoio a Geddel
Chefe da Secretaria de Governo foi acusado por ex-ministro de pressioná-lo.
Temer já disse que Geddel fica no cargo; comissão de ética abriu processo.
Luciana Amaral
Do G1, em Brasília
FACEBOOK
Líderes de partidos que compõem a base de apoio ao governo do presidente Michel Temer na Câmara dos Deputados entregaram no início da noite desta terça-feira (22), no Palácio do Planalto, um manifesto de apoio ao ministro da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima.

Responsável pela articulação política governo, Geddel está envolvido no episódio que levou o ex-ministro da Cultura Marcelo Calero a pedir demissão do cargo, na semana passada.

Após pedir demissão, Calero disse, em entrevista ao jornal “Folha de S.Paulo” e em um ato com artistas no Rio de Janeiro, que o motivo principal de sua saída foi a suposta pressão que sofreu de Geddel para que o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), órgão subordinado ao Ministério da Cultura, liberasse um empreendimento imobiliário de alto luxo no centro histórico de Salvador.

Geddel comprou um apartamento nesse empreendimento e, embora admita conversas com Calero, o ministro nega que tenha havido pressão.

“Nós, líderes e vice-líderes da base de governo do presidente Michel Temer na Câmara dos Deputados, vimos, por meio deste, externar nosso amplo e irrestrito apoio e confiança no trabalho que vem sendo realizado pelo ministro Geddel Vieira Lima”, diz o manifesto (veja o documento ao final desta reportagem).

“Consideramos que o ministro está conduzindo a pasta de maneira técnica, competente e tendo como premissa maior o diálogo, sendo também um dos protagonistas das sucessivas vitórias que o atual governo vem obtendo nesse parlamento”, acrescenta.

Repercussão política
Nesta segunda (21), a Comissão de Ética Pública da Presidência decidiu abrir um processo para investigar a conduta de Geddel no episódio denunciado pelo ex-ministro da Cultura.
Órgão vinculado à Presidência, a Comissão de Ética fiscaliza eventuais conflitos de interesse envolvendo integrantes do governo. O colegiado não tem poder para punir nenhum servidor público, entretanto, como é um órgão consultivo do presidente da República, pode recomendar ao chefe do Executivo sanções a integrantes do governo, entre as quais demissões.
Antes mesmo de a comissão analisar a denúncia contra Geddel, o Palácio do Planalt, porém, o já adiantou que o ministro da Secretaria de Governo não será demitido. Em um pronunciamento, o porta-voz da Presidência, Alexandre Parola, disse nesta segunda que Geddel permanecerá no cargo.
Em uma entrevista que concedeu em maio ao Fantástico, dias depois de assumir interinamente a Presidência da República, Michel Temer afirmou que havia alertado seus ministros de que se algum deles não agisse “adequadamente” seria demitido.
“Se houver um equívoco, ou equívocos administrativos, e no particular, se houver irregularidades administrativas, eu demito o ministro”, disse Temer na entrevista concedida em maio.
saiba mais
Blog do Camarotti: Geddel chora ao receber apoio de líderes
‘Nós precisamos que o ministro Geddel continue no governo’, diz Maia
Nomeação de Roberto Freire para a Cultura é publicada no ‘Diário Oficial’
Maia e Renan
Além de angariar manifestações de apoio dos líderes da base na Câmara, Geddel Vieira Lima também obteve nesta terça-feira a sinalização de que os presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), estarão ao seu lado durante a tempestade política.
Em uma entrevista coletiva em São Paulo, Maia defendeu a permanencia de Geddel no primeiro escalão.
“Nós precisamos que o ministro Geddel continue no governo”, disse o presidente da Câmara, após participar de uma palestra a empresários na capital paulista.
“O ministro Geddel tem apoio do parlamento, tem confiança do parlamento, tem exercido papel fundamental para o governo na articulação política”, complementou.
Maia disse ainda que “tráfico de influência não é bom”, mas ressaltou que, na opinião dele, isso não ocorreu no episódio envolvendo Geddel e Calero.
Já na visão do presidente do Senado a acusação contra o ministro é um “fato superado”. Renan ressaltou que, para ele, houve uma “interpretação indevida” dos fatos e, neste momento, é preciso deixar as denúncias para trás. “E que a convergência seja novamente construída”, destacou.
O presidente do Senado também negou que o fato vá atrapalhar a aprovação de matérias de interesse do governo.
“Esse episódio, primeiro, é um episódio superado. Segundo, não vai afetar a perspectiva que nós temos na apreciação das matérias no Senado Federal. O que nós temos é que avançar nas reformas, não só essas reformas que estão aí, mas as outras reformas que estão tramitando, para que nós possamos no curto espaço de tempo retomar o crescimento econômico do Brasil.”

Post Real Economics Feeds Post Real Politics, por Leonardo Costa

Post Real Economics Feeds Post Real Politics

by Leonardo Costa on 24 October 2016

‘Crash and learn: should we change the way we teach economics?’ is the title of the FT article which describes the growing student rebellion in Great Britain against the way economics has been taught in recent decades. Students criticize the unrealistic assumptions of neoclassical economics and its use and abuse of mathematics. They ask for a more pluralistic approach to economics. In a recent working paper, Paul Romer criticized what he calls Post Real Dynamic Stochastic General Equilibrium (DSGE) models used by neoclassical macroeconomists – New Keynesian and New Classical – as they attribute fluctuations in aggregate variables to imaginary causal forces. Times are changing in economics as a result of the 2008 crisis, and for the better. Economists are revisiting theories such as the financial instability hypothesis of Hyman Minsky. Some basic assumptions of neoclassical macroeconomics are being challenged (see the interview given by Olivier Blanchard to the IMF Survey in 2015).

We can look at what is happening in the profession – the lively discussion, the changing views on how the economy works, the recovery of old theories, etc. – as something similar to what happened in the Italian Renaissance (Il Quattrocento), when artists revisited the classics (Greek and Roman) to criticize the contemporary art of their time and introduce innovations. In the present discussion on economics, a few economists are revisiting the classics (Adam Smith, David Ricardo, John Stuart Mill et al) to criticize contemporary neoclassical economics and introduce their own innovations, paving the way for a new dominant approach in economics. For example, the assumption of unlimited consumer wants is behind the general scarcity of resources postulated by neoclassical economics. The general scarcity of resources leads neoclassical economists to focus their analysis on the efficient allocation of resources. Why are consumer wants unlimited? Because neoclassical theory says they are. Whereas for classical economists, production factors such as land (or the environment today) are scarce, but not all factors are scarce. The capital is reproducible. Moreover, consumer wants are not unlimited and there is a social surplus (profits and rents) or a part of production which is not necessary for the reproduction of the existing economic system. The existence of this surplus led classical economists to focus their analysis on its distribution between productive uses (investment) and unproductive uses (luxury consumption). Moreover, neoclassical economists assume that agents pursue a self-interest that is more or less identified with selfishness. However, agents’ self-interest was to Adam Smith limited by the moral principle of sympathy and by law enforcement. Smith’s sympathy is neither selfishness nor altruism. It implies the idea of the impartial spectator; it implies fair play, concern for other human beings, the desire to be loved, and a civilized society. History of economic thought teaches us to look at economic theory as relative, because the dominant economic theories or dominant economic paradigms change throughout history.

The call today then is for the construction of a new economic theoretical framework, more scientific, more plural, with competitive paradigms, abandoning the logical positivism, integrating the views of science of Popper, Kuhn and Lakatos. The call is to have an economic theoretical framework able to analyze the economy as it is, instead of an ideal perfect economy that does not exist. The call is for more realism in economics. The call is, in some way, to recover Aristotle in economic analysis, abandoning the most extreme Platonic ideals of perfection of neoclassical economics.

Of course, there are economists in the profession who do not feel comfortable with all these changes. They do not like competition or theoretical innovations. They prefer to deny reality and/or force it to be consistent with economic theory, rather than build better economic theory to better explain reality. This is There Is No Alternative (TINA) economics. TINA economics led many politicians in Europe to support the so-called expansionary austerity over the past eight years.

Reality shows every day that austerity causes recession instead of expansion, that it does not solve the trade imbalances of the Eurozone, leading the European Union into a dead end, causing the loss of millions of euros and, more critically, affecting the future of a whole generation of young Europeans. But TINA economics only cares about the government deficit and debt. For TINA economics, when reality is not consistent with theory, it is reality that must be constrained until it becomes consistent with the theory, not the other way around. Moreover, the European neoliberal political forces, which are neither new nor liberal, saw in the financial crisis the opportunity to reduce the size of the European welfare state (see here).

TINA economics is not really a scientific theory. It is the neoliberal agenda of the Washington Consensus making use of complex mathematical models as rhetoric to show a scientific appearance. It is Post Real Economics feeding Post Real Politics, with the latter forcing the implementation of Post Real Policies (the fiscal compact) under the supervision of Post Real Institutions (the Eurogroup).

Leonardo Costa has been a member of the faculty of Católica Porto Business School since 1998. He has an undergraduate degree in Agricultural Engineering from the Agronomic Superior Institute in Lisbon, a Master degree in Agricultural Economics and Rural Sociology from the same Institute, and a Ph.D degree in Economics from the University of Arizona. He has research interests and publications in the areas of public policy analysis and efficiency and productivity analysis

Todo dia da Consciência Negra, por Hang Ferrero

Todo dia da Consciência Negra

Por Hang Ferrero, do site hangferrero.com.br
20 De Novembro De 2016 3

Dia desses, fui a um barzinho badalado no Centro de Itajaí. O objetivo era prestigiar a um amigo que faria uma apresentação no local ( quase sempre frequento os lugares optando por prestigiar os talentosos artistas da nossa região ).

De cara, fui abordado por um funcionário, quando adentrei a casa:
– “COMO FOI QUE VOCÊ ENTROU AQUI?”
Eu lhe perguntei quais eram as maneiras de entrar no bar. Ele insistiu e depois de perceber que tinha mexido com o “cara certo” veio me “explicar…“.
– ” É que ali nos fundos tem um muro que a gente tá pensando em aumentar…”

Para os amigos que se importam e também para aqueles que percebem esse tratamento mas não fazem nada a respeito.

20 de novembro de 1695 – morte de Zumbi, pela liberdade de todas as raças.

Por conta da DESORDEM, tenho que me explicar 

para evitar olhares POLICIALESCOS. 

É que NÃO esperam de mim discurso de fino trato, a julgar 

o FENOTIPO, o EXCESSO de melanina ou ainda, a ausência de um NARIZ ADUNCO. 

Em meio ao DESATINO instituído, 

dou-lhes condições de RESPEITAR 

as evoluções SUBSAARIANAS. 

Ofereço-lhes outra PERSEGUIÇÃO: luz, reflexão; 

pele CLARA, pele ESCURA… raças HUMANAS !

À minha PELE, toda a PUJANÇA

de uma herança de ZUMBI. 

Todo o angor à minha pele QUILOMBOLA, 

velada ao ESCÁRNIO da história 

mal contada, mal retratada, maltratada, ETNOCENTRISTA. 

À minha pele PULSA a NEGRA COR, 

lançada ao verbo de toda LIBERDADE fugidia. 

Pele sem DIREITOS conformada COR, 

arestas aparadas à TODA COR . 

À minha pele REFUGIA-SE 

o “amparo” das COROAS EUROPÉIAS, 

nas ”inverdades”, 

de AMBRÓSIO ao QUILOMBO dos PALMARES .

É preciso ter paciência …

Estamos vivendo tempos confusos. Tenho externado aqui minha preocupação, faz tempo. Ultimamente tenho procurado ler, estudar e pensar mais do que falar sobre qualquer notícia que surge nestes tempos conturbados. Sem omitir-me, tenho tentado seguir os conselhos do mestre Thiago de Mello em seu Horóscopo para os que estão vivos”:

…”É preciso ter paciência com as vaidades verdes.

Escuta a canção do vento que inventa

o redemoinho das palavras,

e quando o sol estiver a pino

evita as próprias palavras:

um autêntico Áries deve preferir não dizer

quando dizer é confundir.

O sectarismo está cravando no teu sonho

os seus dentes de nácar,

e nem te dás conta.

Ademais, não são de nácar”.

Fiquei chocado com a morte e suicídio de pai e filho ocorrida em Goiânia e esperei o assunto “decantar” um pouco antes de falar qualquer coisa e colocar mais lenha na fogueira. Mas não posso deixar de emitir, mais uma vez, um sinal de alerta.

Assim, compartilho texto que faz um apelo à reflexão.

Paulo Martins

Este País está doente.
Quando se lê, ao acordar, que em Goiânia, pertinho de nós, um pai matou seu filho único, estudante de matemática na UFG, porque participara do movimento de ocupação de escolas e, depois do crime, suicidou-se, há algo de muito errado acontecendo conosco. Há quem dirá que a culpa é dos “comunistas” que incitaram à ocupação de escolas. Argumento fácil para adoçar neurônios intoxicados de ódio disseminado por todos os meios de comunicação. Não percebem, porém, esses dedos apontados, que são eles tão vítimas quanto o infeliz pai.

Fatos como este não acontecem por acaso. Não podem mais ser qualificados de marginais. Eles fazem cada vez mais parte de nosso doentio cotidiano. Estamos assistindo entorpecidos ao alastramento dessa psicose coletiva, adredemente inoculada na sociedade, para tornar-nos incapazes de reagir ao desmonte de nosso estado, nossa economia, nossa cultura e nosso modo de ser e viver. Só não vê quem não quer ou quem já se deixou acometer por essa epidemia.

Há quem possa e deva ser responsabilizado por isso. O inimigo comum não é o outro que pensa diferente e faz escolhas outras que as minhas. O inimigo comum é quem alastra o ódio para tornar nossa terra um inferno em que se fica encapetando o próximo, longe da lição de homem de Nazaré que nos ensinou a amá-lo.

Quem dissemina bronca, raiva, indignação seletiva pode se considerar co-autor, participe dessa tragédia de Goiânia. Quem semeia o ódio na população civil, orientado por objetivos políticos indisfarçáveis, com a sistematicidade de uma campanha massiva de desinformação calculada, está praticando crime contra a humanidade.

É só ler o Art. 7° do Estatuto de Roma que disciplina o funcionamento do Tribunal Penal Internacional e lembrar-se do precedente do Tribunal de Ruanda sobre a Rádio Mille Collines.

Será que diante da recusa do ministério público e do judiciário, muitas vezes cúmplices, de por termo a essa onda de ódio, vamos ter que recorrer a instâncias internacionais? Reflitamos.
Assina:
Ex-Ministro da Justiça Eugênio Aragão
Por Izabel Dias Machado
Liliana Costa, Rejane Prevot

Economistas rejeitam ultimato e propõem alternativa à PEC 241 – ajude a compartilhar

Diálogos Essenciais

Compartilho importante estudo demonstrando que existem alternativas ao austericídio imposto pela PEC 241. Em quatro sessões, o estudo disseca a situação econômica do país e apresenta soluções alternativas. Vale a pena ler e guardar para consulta.

Para acessar, basta clicar no link abaixo. O texto a seguir é apenas introdutório e dá uma visão do que trata o estudo.

Ou você prefere ficar com a opinião dos gênios da economia, PHDs em servilismo, Sardenberg, Miriam Leitão e Merval ou fica com as opiniões do “enceradeira desgovernada”Boechat”? Você escolhe.

Paulo Martins

Economistas rejeitam ultimato e propõem alternativa à PEC 241
OUTUBRO 5, 2016

Publicado em Plataforma Política Social

Se preferir, acesse plataformapoliticasocial.com.br

ou versão digital

Desde o final de 2014 a sociedade brasileira vem sendo coagida a acreditar que não há alternativa ao suicídio, exceto o juízo final diante dos mercados.

A austeridade fiscal, rebatizada sugestivamente de ‘austericídio’ no continente europeu…

Ver o post original 511 mais palavras

O Xadrez da teoria que produziu 12 milhões de desempregados, por Luís Nassif

XADREZ DO GOLPE

O Xadrez da teoria que produziu 12 milhões de desempregados
O XADREZ DO GOLPE
SEG, 14/11/2016 – 06:51
ATUALIZADO EM 14/11/2016 – 08:44
Luis Nassif

Peça 1 – do plano Joaquim Levy à PEC 241
Em 2015, mal assumiu o segundo governo, a presidente Dilma Rousseff anunciou o plano Joaquim Levy, um enorme aperto fiscal que, segundo ela, ajudaria a tirar o país rapidamente da crise. Em março daquele ano, baseada nos estudos de Levy, Dilma sustentava que o pior da crise já havia passado. Nem havia começado.

Em 2016, Michel Temer e o seu Ministro da Fazenda – e o editorialista da Folha -prometem que, depois da PEC 241 virá o paraíso do crescimento porque, graças aos cortes fiscais, haverá a redução dos juros e a retomada do crescimento.

Sem consumo de governo (por conta da PEC 55), sem consumo das famílias (por conta do desemprego) e sem o impulso das exportações (por conta da apreciação cambial), de onde viria o crescimento? Da fé cega e da faca amolada dos cortes. Será um desastre continuado, fazendo a economia regredir uma década.

No primeiro semestre de 2017 dirão que o pacote não deu certo porque não foi duro o suficiente. Os crentes aceitarão que a culpa foi da sua falta de fé. E toca sacrificar mais empregos, produção e riqueza para seus experimentos.

Peça 2 – a teoria que legitimou os desastres
Em ambos os casos, de Dilma-Levy e Temer-Meirelles, houve a obediência cega a teorias que surgiram nos anos 80 e 90 visando demonstrar a pouca eficácia das políticas fiscais.

Nos anos 90, duas duplas de autores – Giovani-Pagano e Alesina-Perotti – sistematizaram os estudos, querendo provar que aumento dos gastos públicos não tinha nenhum efeito sobre a demanda agregada. Portanto, a melhor alternativa seria efetuar grandes cortes – com baixo impacto no produto – e, com isso, recuperar a confiança empresarial, despertando o espírito animal do empresário. Tornou-se o cabo de guerra do neoliberalismo.

A teoria estimava os multiplicadores (o cálculo do efeito de cada unidade gasta) para subsídios, gastos sociais, compra de ativos etc., com impacto aparecendo de 3 a 10 meses depois:

· Benefícios Sociais: 0,8416

· Ativos Fixos: 0,414

· Subsídios: 1,5013

· Gasto de pessoal: 0,6055

Eram esses estudos que lhe davam confiança para afirmar, em março de 2015, que o pior da crise já havia passado. Ou, então, nos anos anteriores, para investir tão pesadamente nos subsídios. Afinal, para cada 1 de subsídios haveria um efeito de 1,5013 no produto, em um prazo de 3 a 10 meses. E com cortes fiscais, haveria impacto mínimo sobre o produto.

Seria como jogar na Loto sabendo os resultados antecipadamente.

E de nada adiantavam os alertas dos que dispõem de conhecimento empírico da realidade econômica, que conseguem prever a rota de desastre de teorias que ignoram a realidade econômica. Serão considerados meros palpiteiros até que, com o desastre consumado, algum economista consolide os erros cometidos em um paper.

Peça 3 – a identificação dos erros na teoria
A Secretaria do Tesouro Nacional (STN) acaba de premiar o trabalho “Política Fiscal e Ciclo Econômico: uma análise baseada em multiplicadores de gastos públicos” – de autoria de Rodrigo Octávio Orais, Fernando de Faria Siqueira e Sergio Wulf Gobetti –, de onde foram tirados os dados acima, apontando um erro crucial nos trabalhos originais de Giovani-Pagano e Alesina-Perotti .

Os autores dos trabalhos iniciais montaram uma metodologia analisando a média histórica dos indicadores. E não se deram conta de que havia variações fundamentais dependendo dos ciclos econômicos: quando a economia está em expansão, o impacto dos cortes fiscais é mínimo; mas com a economia em recessão, o impacto é significativo.

Os brasileiros refizeram, então, as séries, mas separando os resultados da média (levantada de acordo com a metodologia em vigor), e dos multiplicadores com a economia em expansão e em recessão. Abaixo, se tem o raio-x dos desastres econômicos produzidos pelo uso acrítico da teoria.

Multiplicadores             Linear            Expansão             Recessão

Benefícios Sociais                   0,8416              0,1536                1,5065

Ativos Fixos                             1,0414               0,1623               1,6803

Subsídios                                 1,5013               4,7338               0,5972

Gasto de Pessoal                   0,6055                   0                     1,3265

Dilma havia lido apenas o trabalho anterior. O multiplicador para subsídio era de 1,5013 na média, porque de 4,7338 em períodos de expansão. Na recessão, no entanto, caía para 0,5972. Foi esse o resultado que explicou a falta de impacto dos subsídios no produto em 2013 e 2014.

Com a economia em expansão, há a garantia de demanda que leva o empresário a investir. O subsídio barateia o investimento ou o custo de produção e ele consegue ampliar sua produção. Na recessão, sem garantia de mercado, o empresário aproveitará os subsídios para melhorar sua margem e fazer caixa, não para ampliar os investimentos.

O segundo macro-erro foi no pacote Levy.

Do mesmo modo, na recessão o multiplicador para benefícios sociais é de 1,5065 – expressivo. Para compra de ativos, é mais ainda: 1,6803. Dilma imaginava que para cada unidade de gasto em benefícios sociais, o retorno seria de 0,8417, inferior, portanto ,ao que foi gasto. O mesmo para investimento em ativos fixos. Baseou-se em dados errados.

Repare que, depois de afastada no cargo, nas sessões históricas do Senado, Dilma invocou várias vezes o FMI para sustentar a importância dos gastos públicos. Ou seja, só depois de apeada do poder, tomou conhecimento dos estudos confirmando o que os críticos diziam sobre o desastre do plano Levy. E Henrique Meirelles nem chegou lá ainda.

De fato, segundo os autores do estudo do STN, o FMI estimulou um debate público entre 2011 e 2012 – três a quatro anos antes do desastre do pacote Levy – sobre os rumos da política fiscal nas economias avançadas e em desenvolvimento, em cima dos motes “O que nós pensávamos que sabíamos” e “O que nós aprendemos com a crise”.

O estudo do FMI, de autoria de Blanchard, Dell’Ariccia e Mauro (2010) sustenta que “a política fiscal anticíclica é um importante instrumento na conjuntura atual, dada a durabilidade esperada da recessão e o escasso espaço de ação para a política monetária”.

As conclusões são diametralmente opostas aos enunciados do período Levy-Dilma e Meirelles-Temer. Concluem que se vive um período extraordinário no qual o gasto público tem efeitos multiplicadores significativos e no qual ajustes fiscais convencionais podem ter efeitos contraproducentes para o próprio objetivo de consolidação fiscal e redução do endividamento (Romer, 2012; De Long e Summers, 2012), segundo dados que constam do trabalho premiado.

Concluem os autores:

“A luz desses parâmetros, por exemplo, é totalmente inapropriado o corte de investimentos públicos realizado em 2015 e mantido em 2016. Diante disso, constituiu se um consenso no mainstream, principalmente acadêmico, de que o foco da política fiscal deveria se concentrar na sustentabilidade do endividamento público e em regras fiscais voltadas a limitar a discricionariedade dos governos, deixando preferencialmente para a política monetária o papel estabilizador da demanda agregada.

O pesado manto ideológico de que se revestiu a teoria econômica impediu qualquer questionamento a essas supostas verdades estabelecidas. A fé cega nesses estudos derrubou a economia sob Dilma, contribuiu para derrubar seu próprio governo, e continuará derrubando a economia sob Temer. Milhões de empregos perdidos, riqueza transformada em pó, dívida pública explodindo, receitas fiscais caindo, tudo com base na fé cega nesses estudos.

Agora, os grandes gurus da ortodoxia – como os economistas Afonso Celso Pastore e Armínio Fraga – já começam a preparar terreno, buscando explicações antecipadas para o fato da economia não se recuperar no próximo ano.

Peça 4 – os abusos do experimentalismo econômico
A economia não é nem ciência exata nem universal. Mais ainda que na medicina, exige o conhecimento teórico, mas associado à sensibilidade para analisar as condições do paciente.

No entanto, há uma ignorância ampla e generalizada do mainstream econômico em relação ao mundo real. Como se o conhecimento da economia real fosse uma extravagância, acientífica, uma forma menor de conhecimento.

Nesse mesmo período, o pacote Levy promoveu um superchoque tarifário e cambial, simultaneamente a problemas internos de seca impactando os alimentos. Imediatamente explodiu a inflação. Ao choque inicial sucedem-se ondas inflacionárias em diversos setores. A lógica dizia que bastaria os meses do choque saírem da contagem da inflação anual, para os preços irem se acomodando e a inflação refluir.

No entanto, a visão do cabeça de planilha é incapaz de ir além da planilha. Não entende a economia real, os impactos dos choques nas diversas cadeias produtivas, as maneiras como ada setor reage, para poder chegar a uma conclusão sobre a melhor posologia.

Substituem esse amplo desconhecimento pela análise exclusiva dos grandes agregados.

É o caso da economista Mônica de Bolle, analisando a demora da inflação em refluir. Segundo ela, o país estaria entrando na fase da dominância fiscal, na qual os instrumentos monetários e fiscais não produzem mais efeito deflacionário. A única saída seria vender reservas cambiais para montar uma âncora cambial. Não dispensou um parágrafo sequer analisando os impactos da queda de reservas na volatilidade cambial ou ao menos estimando o que aconteceria com a inflação quando o impacto dos choques tarifário e cambial saíssem da contagem anual.

No fim, a inflação está refluindo sem nenhuma atitude heroica.

Pior é a questão das metas inflacionárias, um sistema que drenou para os rentistas a maior parte do orçamento público. Provavelmente, o excedente dos juros pagos no período daria para prover toda a malha ferroviária brasileira e grande parte do sistema de saneamento.

Peça 5 – os limites Constitucionais.
Por todos esses fatores, o ideal seria que a sede de participação do Judiciário o levasse a pensar em limites constitucionais para a política econômica.

Tome-se o caso do Banco Central. Nos Estados Unidos, o FED é obrigado a seguir dois objetivos: controle da inflação e preservação do emprego. No Brasil, apenas o controle da inflação.

Como não tem em suas mãos os instrumentos fiscais, o BC joga todo o peso em juros estratosféricos, que arrebentam com a atividade econômica, sem nenhuma preocupação com os impactos sobre o produto e o emprego.

Para fazer demagogia de baixo risco, a presidente do STF (Supremo Tribunal Federal) Carmen Lúcia afirmou que não é Ministra da Fazenda, para avaliar o impacto de medidas judiciais na economia.

Seria mais consistente se, junto com seus colegas, definissem limites constitucionais ao experimentalismo da política econômica e aos abusos das politicas fiscal e monetária.

NOTA DA CNBB SOBRE A PEC 241

Nota da CNBB sobre a PEC 241

Na nota, a entidade afirma que continuará buscando uma solução que garanta o direito de todos

A Presidência da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) divulgou nesta quinta-feira, dia 27 de outubro, durante entrevista coletiva à imprensa, a Nota da CNBB sobre a Proposta de Emenda Constitucional 241 (PEC 241), que estabelece um teto para os gastos públicos para os próximos vinte anos. O texto foi aprovado pelo Conselho Permanente da entidade, reunido, em Brasília, entre os dias 25 e 27 deste mês.

Leia o texto na íntegra:

Brasília-DF, 27 de outubro de 2016
P – Nº. 0698/16

NOTA DA CNBB SOBRE A PEC 241

“Não fazer os pobres participar dos próprios bens é roubá-los e tirar-lhes a vida.”
(São João Crisóstomo, século IV)

O Conselho Permanente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil-CNBB, reunido em Brasília-DF, dos dias 25 a 27 de outubro de 2016, manifesta sua posição a respeito da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 241/2016, de autoria do Poder Executivo que, após ter sido aprovada na Câmara Federal, segue para tramitação no Senado Federal.

Apresentada como fórmula para alcançar o equilíbrio dos gastos públicos, a PEC 241 limita, a partir de 2017, as despesas primárias do Estado – educação, saúde, infraestrutura, segurança, funcionalismo e outros – criando um teto para essas mesmas despesas, a ser aplicado nos próximos vinte anos. Significa, na prática, que nenhum aumento real de investimento nas áreas primárias poderá ser feito durante duas décadas. No entanto, ela não menciona nenhum teto para despesas financeiras, como, por exemplo, o pagamento dos juros da dívida pública. Por que esse tratamento diferenciado?

A PEC 241 é injusta e seletiva. Ela elege, para pagar a conta do descontrole dos gastos, os trabalhadores e os pobres, ou seja, aqueles que mais precisam do Estado para que seus direitos constitucionais sejam garantidos. Além disso, beneficia os detentores do capital financeiro, quando não coloca teto para o pagamento de juros, não taxa grandes fortunas e não propõe auditar a dívida pública.

A PEC 241 supervaloriza o mercado em detrimento do Estado. “O dinheiro deve servir e não governar! ” (Evangelii Gaudium, 58). Diante do risco de uma idolatria do mercado, a Doutrina Social da Igreja ressalta o limite e a incapacidade do mesmo em satisfazer as necessidades humanas que, por sua natureza, não são e não podem ser simples mercadorias (cf. Compêndio da Doutrina Social da Igreja, 349).

A PEC 241 afronta a Constituição Cidadã de 1988. Ao tratar dos artigos 198 e 212, que garantem um limite mínimo de investimento nas áreas de saúde e educação, ela desconsidera a ordem constitucional. A partir de 2018, o montante assegurado para estas áreas terá um novo critério de correção que será a inflação e não mais a receita corrente líquida, como prescreve a Constituição Federal.

É possível reverter o caminho de aprovação dessa PEC, que precisa ser debatida de forma ampla e democrática. A mobilização popular e a sociedade civil organizada são fundamentais para superação da crise econômica e política. Pesa, neste momento, sobre o Senado Federal, a responsabilidade de dialogar amplamente com a sociedade a respeito das consequências da PEC 241.

A CNBB continuará acompanhando esse processo, colocando-se à disposição para a busca de uma solução que garanta o direito de todos e não onere os mais pobres.

Nossa Senhora Aparecida, Padroeira do Brasil, continue intercedendo pelo povo brasileiro. Deus nos abençoe!

Dom Sergio da Rocha
Arcebispo de Brasília
Presidente da CNBB

Dom Murilo S. R. Krieger, SCJ
Arcebispo de São Salvador da Bahia
Vice-Presidente da CNBB

Dom Leonardo Ulrich Steiner, OFM
Bispo Auxiliar de Brasília
Secretário-Geral da CNBB

Os protestos nos EUA e a “Color Revolution”(primeiros apontamentos)

Não pretendo, neste post, ir além de uma simples observação inicial sobre os protestos  realizados em pelos menos 10 cidades importantes dos Estados Unidos e em outras cidades menores, que se seguiram à vitória de Hilary Clinton no voto popular e sua derrota na soma dos votos no Colégio Eleitoral, que é quem, em realidade, escolhe o presidente da república naquele país. O objetivo deste post é, nesta fase, dividir com os leitores algumas dúvidas e passar algumas informações iniciais.

Minha primeira observação é que não se deve  apostar em eventual divisão do Partido Republicano. A briga pelos cargos no governo Trump já está esquentando. A expectativa de diversos analistas é que Trump e sua base no Congresso acabem negociando a velocidade do retrocesso, uma forma de acomodação entre o retrocesso desejado por Trump e o retrocesso tradicionalmente pregado pelos Republicanos.

A segunda observação é sobre George Soros, ou melhor, sobre a organização afiliada ao grupo Soros, a MoveOn.org, com seus braços de Ação Política e de Ação Social. Trata-se, segundo o próprio site, de uma organização não partidária, com objetivo educacional e de advocacia em assuntos nacionais importantes para os Estados Unidos.

Apesar de declarar-se não partidária, participou ativamente da campanha eleitoral em oposição à eleição de Trump. Entre as diversas petições abertas no site da organização, consta:

  • pela abolição do Colégio Eleitoral;
  • superdelegates: deixem os votantes decidirem;

  • apoie o movimento para parar Donald Trump;

A pauta de temas postos em discussão pela MoveOn.org e sua “Color Revolution” parece interessante. Dá ênfase no combate ao ódio, ao racismo, à xenofobia, à misoginia, ao fanatismo e à intolerância, ou seja, a tudo o que Trump e seus fanáticos representam.

Mas, confesso, fico me perguntando qual o interesse de Soros ao colocar dinheiro nesses projetos. Parece-me, à primeira vista, que seu interesse é controlar e domesticar os movimentos que estão brotando espontaneamente na sociedade civil.

Em nota à imprensa distribuída em 09/11, a MoveOn.org informou que ela e aliados estão organizando os protestos contra Trump e contra os retrocessos que sua eleição representa.

Leia, abaixo, a nota à imprensa:

“Americanos se reunirão em centenas de reuniões pacíficas de solidariedade, resistência e resolução após os resultados das eleições.

Centenas de americanos, dezenas de organizações, vão se reunir pacificamente fora da Casa Branca e em cidades e comunidades de todo o país para tomar uma posição contra a misoginia, racismo, islamofobia e xenofobia.

Hoje à noite, milhares de norte-americanos se reunirão em centenas de encontros pacíficos em cidades e cidades de todo o país, inclusive fora da Casa Branca, seguindo os resultados das eleições presidenciais de terça-feira.

Os encontros – organizados pela MoveOn.org e aliados – irão afirmar uma rejeição contínua do fanatismo, xenofobia, islamofobia e misoginia de Donald Trump e demonstrar nossa determinação de lutar juntos pela América que ainda acreditamos ser possível.

Em um período de duas horas do call-to-action, membros do MoveOn tinham criado mais de 200 encontros em todo o país, número que continua a crescer na tarde de quarta-feira”.

Não sei onde isto tudo vai dar. Mas sei que a direita “chique”, acostumada a comer o mingau quente pelas beiradas e utilizar de eufemismos e palavras suaves  está assustada com a clareza das palavras e o “sincericídio” de Trump. Apoiam secretamente suas ideias, mas ficam chocados com a falta de modos de Trump.

Depois dos irmãos Koch, do Vem Pra Rua, do MBL e da FIESP, quem não se preocupa com estes bilionários interessados em “salvar” seus países e os países dos outros?

 

STF pode liberar terceirização plena nesta quarta, 09/11/2016 (Adiada para a próxima sessão)

Para acompanhar ao vivo a sessão do STF, acesse o Facebook do site justificando.com.
AJD se posiciona contrária a terceirização em nota técnica aos Ministros do STF.

Diante da iminência do julgamento do Recurso Extraordinário nº 958.252, que questiona a limitação da terceirização apenas nas chamadas atividades-meio, a Associação Juízes para a Democracia (AJD), envia aos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) nota técnica em que reafirma a posição da entidade, contrária à terceirização em qualquer atividade empresarial.

O documento, enviado nesta segunda feira (07) é encerrado com a AJD clamando para que a corte aprecie “[…] a questão nos estritos termos da legislação trabalhista e atendendo aos princípios constitucionais do valor social do trabalho e da dignidade da pessoa humana, de modo a não permitir retrocessos”.

“Os efeitos da liberação geral da terceirização serão nocivos para o país. Como explica o Juiz do Trabalho e colunista do Justificando, Renato Janon, “os terceirizados recebem salário 24,7% menor do que o dos empregados diretos, trabalham 7,5% a mais (3 horas semanais) e ainda ficam menos da metade de tempo no emprego”.

Na prática, o julgamento pode liberar qualquer forma de terceirização. Isso porque a súmula regula a prática no país, sendo base para todas as decisões judiciais nesse sentido. “Caso o Supremo decidir que a súmula 331 é inconstitucional, a terceirização plena será possível” – explica o advogado trabalhista Eduardo Surian Matias.

Leia a nota íntegra

A Associação Juízes para a Democracia (AJD), entidade não governamental e sem fins corporativos, que tem dentre suas finalidades o respeito absoluto e incondicional aos valores jurídicos próprios do Estado Democrático de Direito, vem apresentar a presente nota técnica, manifestando sua posição diante do iminente julgamento pelo Supremo Tribunal Federal do Recurso Extraordinário nº 958.252 que questiona a limitação da terceirização apenas nas chamadas atividades-meio, nos seguintes termos:

  1. A terceirização caracteriza-se pela permissão da introdução de um atravessador na relação entre capital e trabalho, criando uma falsa ideia de relação trilateral distinta do modelo clássico da relação de emprego. A terceirização quebra a noção de relação de trabalho, que tanto a Constituição Federal quanto a CLT albergam e que qualificam como uma relação entre dois sujeitos: empregado e empregador. No âmbito das relações de trabalho no Brasil essa compreensão vem muito bem definida pelos artigos segundo e terceiro da CLT. A existência de uma figura interposta entre trabalhador e tomador de serviços aprofunda a subsunção do primeiro ao capital, na medida em que a responsabilidade do empregador pelos riscos da sua atividade económica é transferida e anulada.

  2. Evidencia-se que não há autorização legal que permita a prática da terceirização no Brasil, à exceção do contrato de trabalho temporário (Lei nº 6.019/1974) e de serviços de vigilância (Lei nº 7.102/1983). Por essa razão, o Tribunal Superior do Trabalho lançou o enunciado nº 256 considerando ilegal a contratação de trabalhadores por empresa interposta, formando-se o vínculo empregatício diretamente com o tomador de serviços, salvo nas hipóteses legais acima mencionadas. O enunciado foi revisto em 1993 e, depois, em 2000 com a aprovação da Súmula nº 331 que, na prática, ampliou as hipóteses de terceirização para as “atividades-meio” da empresa, desde não haja subordinação direta ao tomador de serviços.

  3. O fenômeno da terceirização gera efeitos perversos não apenas para o trabalhador, mas para a própria comunidade. Segundo dados do Dieese, os trabalhadores terceirizados recebem salário 24,7% menor do que o dos empregados diretos, trabalham 7,5% a mais (três horas semanais) e ainda ficam menos da metade do tempo no emprego. Os terceirizados raramente conseguem gozar férias anuais e sequer receber as verbas rescisórias ao término do contrato de trabalho visto que, em regra, as empresas tercerizadas não têm idoneidade econômica. Também estão mais propensos a doenças ocupacionais e acidentes de trabalho. De acordo com dados levantados pela CUT e pelo Dieese, de dez acidentes de trabalho no Brasil, oito acontecem, em média, com funcionários terceirizados. Em relação aos trabalhadores resgatados em condições análogas à de escravo, estatísticas do Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais do Trabalho (Sinait) mostram que em 82% dos casos referem-se a trabalhadores tercerizados.

  4. É preciso reconhecer que a Súmula nº 331 do TST, em que pese tenha ampliado de forma indevida as hipóteses de terceirização, ainda representa uma forma de impedir a precarização total com a proibição da terceirização irrestrita nas chamadas “atividades-fim” das empresas. Negar por completo esse requisito, afastando sua eficácia regulatória, implicaria em retrocesso histórico no âmbito das relações trabalhistas.

  5. A prática da terceirização irrestrita também causaria outros efeitos deletérios promovendo uma divisão mais acentuada entre trabalhadores contratados diretamente e terceirizados. O Direito do Trabalho e, portanto, as relações trabalhistas, foram construídas no tempo pela organização e resistência. Pulverizando os trabalhadores através da terceirização da “atividade-fim”, atrelando cada setor da fábrica a uma empresa prestadora diferente, o capital conseguiria aniquilar essa “sensação de pertencimento” a uma mesma classe de trabalhadores, promovendo a concorrência interna e, com isso, eliminando qualquer possibilidade de resistência coletiva organizada.

  6. A função do Estado, e do STF em particular, é zelar pelo cumprimento da Constituição Federal, conferindo existência real ao projeto social ali contido, especialmente o objetivo de reduzir as desigualdades sociais, elevando os princípios do valor social do trabalho e da dignidade da pessoa humana. Nessa medida, a decisão de chancelar a terceirização irrestrita, nos moldes do PL 4330/PLC 30, no âmbito público ou privado, precarizando as relações de trabalho, revela-se completamente oposta ao projeto de sociedade insculpido na Constituição Federal e avessa à função democrática que o Estado deve desempenhar.

  7. Por tudo isso, a Associação Juízes para a Democracia (AJD), no exercício da liberdade de associação consagrado constitucionalmente (art. 5º, XVII), reafirma ser contrária à terceirização em qualquer atividade empresarial, clamando para que o STF exerça a sua função de guardião da Constituição Federal e julgue a questão nos estritos termos da legislação trabalhista e atendendo aos princípios constitucionais do valor social do trabalho e da dignidade da pessoa humana, de modo a não permitir retrocessos.

A democracia está frágil

Por Mara Telles,

Só tenho medo de um Franz Ferdinand Karl Ludwig Joseph Maria von Österreich. A tragédia se repete como farsa.

Sim, a gente sabia que Trump iria acontecer e que do ovo a serpente iria nascer. Mas, sim, a gente ainda fica chocada quando vê as previsões se tornarem realidade!

Pelo menos, se serve de consolo, estes resultados podem fazer com que parte dos governos mundiais e da academia parem de vez com esta história de que a Democracia representativa está consolidada e passem a enxergar de vez o óbvio: a Democracia está cada dia mais frágil e sua fragilidade conta com adesão popular aqui e alhures.

5 motivos pelos quais Donald Trump será o próximo presidente dos Estados Unidos, por Michael Moore

Em julho passado compartilhei preocupado, no Facebook, esta análise do cineasta Michael Moore, publicada no Huffington’s Post.

O site brasilpost.com.br publicou uma tradução, que compartilho agora. Vão chover análises e tentativas de explicar. Para mim a análise de Michael Moore é suficiente.

Acompanhei as experiências do “warmonger” Reagan e da sua “voodooeconomics”. A formação do eixo EUA/Grã Bretanha (Reagan/Tatcher) e os estragos que fez no mundo. Já estou vacinado. Prepare o seu coração para o novo eixo GREAT AMERICA/GREAT BRITAIN e para os estragos que esta nova (requentada) razão espalhará no mundo.

Se um vizinho do tamanho dos Estados Unidos resolve proibir acesso ao play ground, expulsar todas as crianças e roubar todos os brinquedos, o mundo deixou de ser um lugar para crianças e inocentes. Prepare o seu coração ….

Paulo Martins

5 motivos pelos quais Donald Trump será o próximo presidente dos Estados Unidos
Publicado: 27/07/2016 11:23 BRT Atualizado: 27/07/2016 11:34 BRT

Amigo:

Sinto muito por ser o portador de más notícias, mas fui direto com vocês no ano passado quando disse que Donald Trump seria o candidato republicano à Presidência. E agora trago notícias ainda mais terríveis e deprimentes: Donald J. Trump vai ganhar a eleição de novembro.

Esse palhaço desprezível, ignorante e perigoso, esse sociopata será o próximo presidente dos Estados Unidos. Presidente Trump. Pode começar a treinar, porque você vai dizer essas palavras pelos próximos quatro anos: “Presidente Trump”. Nunca na minha vida quis estar tão errado como agora.

Vejo o que você está fazendo agora. Está sacudindo a cabeça loucamente – “Não, Mike, isso não vai acontecer!”. Infelizmente, você está vivendo numa bolha anexa a uma câmara de eco, onde você e seus amigos vivem convencidos de que o povo americano não vai eleger um idiota como presidente.

Você alterna entre o choque e a risada por causa dos últimos comentários malucos que ele fez, ou então por causa do narcisismo vergonhoso de Trump em relação a tudo, afinal de contas tudo tem a ver com ele. E aí você ouve Hillary e enxerga a primeira mulher presidente, respeitada pelo mundo, inteligente, preocupada com as crianças, alguém que vai continuar o legado de Obama porque isso é obviamente o que o povo americano quer! Sim! Outros quatro anos disso!

Você tem de sair dessa bolha imediatamente. Precisa parar de viver em negação e encarar a verdade que sabe que é muito, muito real. Tentar se acalmar com fatos – “77% do eleitorado é composto por mulheres, negros, jovens adultos de menos de 35 anos; Trump não tem como ganhar a maioria dos votos de nenhum desses grupos!” – ou com a lógica – “as pessoas não vão votar num bufão, ou contra seus próprios interesses!” – é a maneira que seu cérebro encontra para te proteger do trauma. Como quando você ouve um estampido na rua e pensa “foi um pneu que estourou” ou “quem está soltando fogos?”, porque não quer pensar que acabou de ouvir alguém sendo baleado. É a mesma razão pela qual todas as primeiras notícias e relatos de testemunhas sobre o 11 de setembro diziam que “um avião pequeno se chocou acidentalmente contra o World Trade Center”.

Queremos – precisamos – esperar pelo melhor porque, honestamente, a vida já é uma merda, e é difícil sobreviver mês a mês. Não temos como aguentar mais notícias ruins. Então nosso estado mental entra no automático quando alguma coisa assustadora está realmente acontecendo. As primeiras pessoas atingidas pelo caminhão em Nice passaram seus últimos momentos na Terra acenando para o motorista; elas acreditavam que ele tinha simplesmente perdido o controle e subido na calçada. “Cuidado!”, elas gritaram. “Tem gente na calçada!”

Bem, pessoal, não se trata de um acidente. Está acontecendo. E, se você acredita que Hillary Clinton vai derrotar Trump com fatos e inteligência e lógica, obviamente passou batido pelo último ano e pelas primárias, em que 16 candidatos republicanos tentaram de tudo, mas nada foi capaz de parar essa força irresistível. Hoje, do jeito que as coisas estão, acho que vai acontecer – e, para lidar com isso, primeiro preciso que você aceite a realidade e depois talvez, só talvez, a gente encontre uma saída para essa encrenca.

Não me entenda mal. Tenho grandes esperanças em relação ao meu país. As coisas estão melhores. A esquerda ganhou a guerra cultural. Gays e lésbicas podem se casar. A maioria dos americanos têm uma posição liberal em relação a quase todas as questões: salários iguais para as mulheres; aborto legalizado; leis mais duras em defesa do meio ambiente; mais controle de armas; legalização da maconha. Uma enorme mudança aconteceu – basta perguntar ao socialista que ganhou as primárias em 22 Estados. E não tenho dúvidas de que, se as pessoas pudessem votar do sofá de casa pelo Xbox ou Playstation, Hillary ganharia de lavada.

Mas as coisas não funcionam assim nos Estados Unidos. As pessoas têm de sair de casa e pegar fila para votar. E, se moram em bairros pobres, negros ou hispânicos, não só enfrentam filas maiores como têm de superar todo tipo de obstáculo para votar. Então, na maioria das eleições é difícil conseguir que pelo menos metade dos eleitores compareça às urnas.

E aí está o problema de novembro — quem vai ter os eleitores mais motivados e mais inspirados? Você sabe a resposta. Quem é o candidato com os apoiadores mais ferozes? Cujos fãs vão estar na rua das 5h até a hora do fechamento da última urna, garantindo que todo Tom, Dick e Harry (e Bob e Joe e Billy Joe e Billy Bob Joe) tenham votado? Isso mesmo. Este é o perigo que estamos correndo. E não se iluda. Não importa quantos anúncios de TV Hillary fizer, quão melhor ela se portar nos debates, quantos votos os libertários roubarem de Trump — nada disso vai ser capaz de detê-lo.

Você precisa parar de viver em negação e encarar a verdade que sabe que é muito, muito real. Eis as 5 razões pelas quais Trump vai ganhar:

  1. A matemática do Meio-Oeste, ou bem-vindo ao Brexit do Cinturão Industrial. Acredito que Trump vá concentrar muito da sua atenção em quatro Estados tradicionalmente democratas do cinturão industrial dos Grandes Lagos — Michigan, Ohio, Pensilvânia e Wisconsin. Estes quatro Estados elegeram governadores republicano desde 2010 (só a Pensilvânia finalmente elegeu um democrata). Nas primárias de Michigan, em março, mais eleitores votaram nos republicanos (1,32 milhão) que nos democratas (1,19 milhão). Trump está na frente de Hillary nas últimas pesquisas na Pensilvânia e empatado com ela em Ohio. Empatado? Como a disputa pode estar tão apertada depois de tudo o que Trump tem dito? Bem, talvez porque ele tenha dito (corretamente) que o apoio de Clinton ao Nafta (acordo de livre comércio da América do Norte) ajudou a destruir os Estados industriais do Meio-Oeste.

Trump vai bater em Clinton neste tema, e também no tema da Parceria Trans-Pacífica (TPP) e outras políticas comerciais que ferraram as populações desses quatro Estados. Quando Trump falou à sombra de uma fábrica da Ford durante as primárias de Michigan, ele ameaçou a empresa: se eles realmente fossem adiante com o plano de fechar aquela fábrica e mandá-la para o México, ele imporia uma tarifa de 35% sobre qualquer carro produzido no México e exportado de volta para os Estados Unidos. Foi música para os ouvidos dos trabalhadores de Michigan. Quando ele ameaçou a Apple da mesma maneira, dizendo que vai forçar a empresa a parar de produzir seus iPhones na China e trazer as fábricas para solo americano, os corações se derreteram, e Trump saiu de cena com uma vitória que deveria ser de John Kasich, governador do vizinho Estado de Ohio.

De Green Bay a Pittsburgh, isso, meus amigos, é o meio da Inglaterra: quebrado, deprimido, lutando. As chaminés são a carcaça do que costumávamos chamar de classe média. Trabalhadores nervosos e amargurados, que ouviram mentiras de Ronald Reagan e foram abandonados pelos democratas. Estes últimos ainda tentam falar as coisas certas, mas na verdade estão mais interessados em ouvir os lobistas do Goldman Sachs, que na saída vão deixar um cheque de gordas contribuições.

O que aconteceu no Reino Unido com a Brexit vai acontecer aqui. Elmer Gantry é o nosso Boris Johnson e diz a merda que for necessária para convencer a massa de que essa é a sua chance! Vamos mostrar para TODOS eles, todos os que destruíram o Sonho Americano! E agora o Forasteiro, Donald Trump, chegou para dar um jeito em tudo! Você não precisa concordar com ele! Você nem precisa gostar dele! Ele é seu coquetel molotov pessoal para ser arremessado na cara dos filhos da mãe que fizeram isso com você! DÊ O RECADO! TRUMP É SEU MENSAGEIRO!

E aqui entra a matemática. Em 2012, Mitt Romney perdeu por 64 votos no colégio eleitoral. Some os votos de Michigan, Ohio, Pensilvânia e Wisconsin. A conta dá 64. Tudo o que Trump precisa para vencer é levar os Estados tradicionalmente republicanos de Idaho à Geórgia (Estados que jamais votarão em Hillary Clinton) e esses quatro do cinturão industrial. Ele não precisa do Colorado ou da Virgínia. Só de Michigan, Ohio, Pensilvânia e Wisconsin. E isso será suficiente. É isso o que vai acontecer em novembro.

  1. O último bastião do homem branco e nervoso. Nosso domínio masculino de 240 anos sobre os Estados Unidos está chegando ao fim. Uma mulher está prestes a assumir o poder! Como isso aconteceu?! Diante da nosso nariz! Havia sinais, mas os ignoramos. Nixon, o traidor do gênero, nos impôs a regra que disse que as meninas da escola têm de ter chances igual de jogar esportes. Depois deixaram que elas pilotassem aviões de carreira. Quando mal percebemos, Beyoncé invadiu o campo no Super Bowl deste ano (nosso jogo!) com um exército de Mulheres Negras, punhos erguidos, declarando que nossa dominação estava terminada. Meu Deus!

Este é apenas um olhar de relance no que se passa na cabeça do Homem Branco Ameaçado. A sensação é que o poder se lhes escapou por entre as mãos, que sua maneira de fazer as coisas ficou antiquada. Esse monstro, a “feminazi”, que, como diz Trump, “sangra pelos olhos ou por onde quer que sangre”, nos conquistou — e agora, depois de aturar oito anos de um negro nos dizendo o que fazer, temos de ficar quietos e aguentar oito anos ouvindo ordens de uma mulher? Depois disso serão oito anos dos gays na Casa Branca! E aí os transgêneros! Você já entendeu onde isso vai parar. Os animais vão ter direitos humanos e uma porra de um hamster vai governar o país. Isso tem de acabar!

  1. O problema Hillary. Podemos falar sinceramente, só entre nós? E, antes disso, permita-me dizer que gosto de Hillary — muito — e acho que ela tem uma reputação que não merece. Mas ela apoiou a guerra no Iraque, e depois disso prometi que jamais votaria nela de novo. Mantive essa promessa até hoje. Para evitar que um protofascista se torne nosso comandante-chefe, vou quebrar essa promessa. Infelizmente acredito que Hillary vá dar um jeito de nos enfiar em algum tipo de ação militar. Ela está à direita de Obama. Mas o dedo do psicopata Trump vai estar No Botão, e isso é o suficiente. Voto em Hillary.

Vamos admitir: nosso maior problema aqui não é Trump — é Hillary. Ela é extremamente impopular — quase 70% dos eleitores a consideram pouco confiável e desonesta. Ela representa a política de antigamente: faz de tudo para ser eleita. É por isso que ela é contra o casamento gay num momento e no outro está celebrando o matrimônio de dois homens. As mulheres jovens são suas maiores detratoras, o que deve magoar, considerando os sacrifícios e batalhas que Hillary e outras mulheres da sua geração tiveram de enfrentar para que a geração atual não tivesse de ouvir as Barbara Bushes do mundo dizendo que elas têm de ficar quietas e bater um bolo.

Mas a garotada também não gosta dela, e não passa um dia sem que um millennial me diga que não vai votar em Hillary. Nenhum democrata, e seguramente nenhum independente, vai acordar em 8 de novembro para votar em Hillary com a mesma empolgação que votou em Obama ou em Bernie Sanders. Não vejo o mesmo entusiasmo. Como essa eleição vai ser decidida por um único fator — quem vai conseguir arrastar mais gente pra fora de casa e para as seções eleitorais –, Trump é o favorito.

  1. O eleitor deprimido de Sanders. Pare de reclamar que os apoiadores de Bernie não vão votar em Clinton — eles vão votar! As pesquisas já mostram que um número maior de eleitores de Sanders vai votar em Hillary este ano do que o de eleitores de Hillary que votaram em Obama em 2008. Não é esse o problema. O alarme de incêndio que deveria estar soando é que, embora o apoiador médio de Sanders vá se arrastar até as urnas para votar em Hillary, ele vai ser o chamado “eleitor deprimido” — ou seja, não vai trazer consigo outras cinco pessoas. Ele não vai trabalhar dez horas como voluntário no último mês da campanha.

Ele nunca vai se empolgar falando de Hillary. O eleitor deprimido. Porque, quando você é jovem, não tem tolerância nenhuma para enganadores ou embusteiros. Voltar à era Clinton/Bush para eles é como ter de pagar para ouvir música ou usar o MySpace ou andar por aí com um celular gigante. Eles não vão votar em Trump; alguns vão votar em candidatos independentes, mas muitos vão ficar em casa. Hillary Clinton vai ter de fazer alguma coisa para que eles tenham uma razão para apoiá-la — e escolher um velho branco sem sal como vice não é o tipo de decisão arriscada que diz para os millennials que seu voto é importante. Duas mulheres na chapa — isso era uma ideia boa. Mas aí Hillary ficou com medo e decidiu optar pelo caminho mais seguro. É só mais um exemplo de como ela está matando o voto jovem.

  1. O efeito Jesse Ventura. Finalmente, não desconte a capacidade do eleitorado de ser brincalhão nem subestime quantos milhões de pessoas se consideram anarquistas enrustidos. A cabine de votação é um dos últimos lugares remanescentes em que não há câmeras de segurança, escutas, mulheres, maridos, crianças, chefes, polícia. Não tem nem sequer limite de tempo. Você pode demorar o tempo que for para votar, e ninguém pode fazer nada. Você pode votar no partido, ou pode escrever Mickey Mouse e Pato Donald. Não há regras, E, por isso, a raiva que muitos sentem pelo sistema político falido vai se traduzir em votos em Trump. Não porque as pessoas concordem necessariamente com ele, não porque gostem de sua intolerância ou de seu ego, mas só porque podem.

Só porque um voto em Trump significa chutar o pau da barraca. Assim como você se pergunta por um instante como seria se jogar das cataratas do Niágara, muita gente vai gostar de estar no papel de titereiro, votando em Trump só para ver o que acontece. Lembra nos anos 1990, quando a população de Minnesota elegeu um lutador de luta livre para governador? Elas não o fizeram porque são burras ou porque Jesse Ventura é um estadista ou intelectual político. Elas o fizeram porque podiam. Minnesota é um dos Estados mais inteligentes do país. Também está cheio de gente com um senso de humor distorcido — e votar em Ventura foi sua versão de uma pegadinha no sistema político. Vai acontecer o mesmo com Trump.

Voltando para o hotel depois de participar de um programa da HBO sobre a convenção republicana, um homem me parou. “Mike”, ele disse, “temos de votar em Trump. TEMOS que dar uma chacoalhada as coisas”. Foi isso. Era o suficiente para ele. “Dar uma chacoalhada nas coisas”. O presidente Trump certamente faria isso, e uma boa parcela do eleitorado gostaria de sentar na plateia e assistir o show.

(Na semana que vem vou postar minhas ideias sobre os calcanhares de aquiles de Trump e como acho que ele pode ser derrotado.)

Apesar de tudo, não desanimar

APESAR DE TUDO, ACHO QUE VALEU E CONTINUARÁ VALENDO A PENA …

Comecei um breve texto, que será publicado na minha coluna do site Empório do Direito, na próxima terça-feira, com o seguinte parágrafo:

“Às vezes, bate na gente um certo desânimo. Somos tentados a pensar que as coisas devem ser assim mesmo e que a nossa “luta” é inglória, que as nossas aspirações de justiça social contrariam a “natureza das coisas”.”

Uma tarde chuvosa de domingo, longe dos amigos e dos familiares mais próximos, fomenta mesmo um certo pessimismo, uma certa nostalgia das “lutas” passadas e perdidas.

Por vezes, somos levados a fazer autocríticas. Somos levados a rever os acontecimentos do passado. Sentimos terrível saudade da nossa falecida filha Eliete, também uma “batalhadora” por justiça para os mais necessitados.

Bate um grande saudosismo daqueles dias de euforia, daqueles dias em que achávamos que a nossa geração iria transformar a nossa hipócrita sociedade.

Pode-se até chegar a uma terrível e dolorosa dúvida: será que a nossa vida valeu a pena?

Entretanto, “acordamos” e ficamos revigorados quando nos lembramos do grande intelectual que foi Darci Ribeiro, cuja trajetória de vida pode ser sintetizada em seu pensamento abaixo:

“Fracassei em tudo o que tentei na vida.
Tentei alfabetizar as crianças brasileiras, não consegui.
Tentei salvar os índios, não consegui.
Tentei fazer uma universidade séria e fracassei.
Tentei fazer o Brasil desenvolver-se autonomamente e fracassei.
Mas os fracassos são minhas vitórias.
Eu detestaria estar no lugar de quem me venceu.”

Evidentemente, assim como Darci Ribeiro, não me considero um derrotado. Pessoalmente até me considero um vencedor, graças a várias circunstâncias e situação econômica privilegiada.

Entretanto, nossos mais relevantes “valores” estão longe de serem concretizados e vivemos em uma sociedade de pessoas raivosas e preconceituosas, conservadoras, sem vontade de adquirir cultura, enfim, uma sociedade de pessoas “infantilizadas” e acríticas.

Nada obstante, por circunstâncias que elenco naquele texto e, espelhado no exemplo de Darci e tantos outros, termino aquela reflexão, asseverando:

“ … não desanimo, embora a idade tenha diminuído em mim o açodamento juvenil. Não abro mão das minhas utopias, embora já não tenha tantas condições de correr em sua direção. Não aceito os “fatos consumados” e acho que podemos, algum dia, no futuro, subverter os fatos.

Jamais abandonarei a “luta por justiça social”, pois não consigo achar natural que as pessoas tenham tantos sofrimentos em razão de sua pobreza. Termino, dizendo: quando virem o meu caixão sendo levado para a sepultura, tenham certeza de que ali vai um eterno inconformado, um inadaptado, um rebelde nato.

Espero ter deixado caída uma semente por este nosso caminho de vida percorrido …”

Digo agora: espero também que meus netos encontrem esta semente e a façam germinar. Não estarei aqui, mas gostaria de ter provas disso enquanto ainda estou presente …

Afranio Silva Jardim

O outono da nossa democracia

Excelente texto de Marcelo Semer, Juiz de Direito em São Paulo, 05/11/2016.
O outono da nossa democracia

É comum que se diga que a esquerda, ou uma certa entidade abstrata, vez por outra alcunhada de bolivarianismo, governou o país por treze anos.

A bandeira do Brasil não ficou vermelha.

Nenhuma empresa foi nacionalizada. Não houve desvio algum por meio de participação popular – nem um mísero plebiscito nesse tempo todo. Nenhuma alteração para aumentar mandatos próprios ou reduzir os alheios foi sequer proposta. Nenhum instrumento de censura foi criado, nem contra a mídia partidariamente ativa. Não houve polícia política –e se tivesse havido, certamente não seria para sustentar o governo. Até a remuneração do sacrossanto sistema financeiro foi mantida incólume –ou mesmo em ascensão. Nenhum torturador dos anos de chumbo, enfim, foi preso.

O tal bolivarianismo percorreu quatro eleições.

Em cerca de seis meses de governo interino e tampão, a Constituição já envelheceu vinte anos. A proteção social está sendo desfigurada por um teto orçamentário que deve travar o futuro de toda uma geração; a educação ideologicamente reformada por medida provisória; os longevos instrumentos de proteção da legislação trabalhista estão com os dias contados. Na política externa, dá-se o cavalo de pau em um transatlântico.

Para essas mudanças, que significam uma inversão expressiva de rumo, não foi preciso nenhuma eleição.

Só isso seria suficiente para que o conceito de normalidade democrática ficasse seriamente abalado. Afinal, se é possível uma mudança de tal porte sem eleições, para que mesmo elas seriam necessárias?
Infelizmente, o outono de nossa democracia não para por aí.
Vai sendo sentido nas grandes decisões e também nas pequenas atitudes.

Uma lei restringindo conteúdos que um professor pode dar em sala de aula, um espetáculo teatral interrompido pela polícia, por desrespeito ao país, a normalidade com que atos equiparados a tortura são admitidos como legítimos por autoridades incumbidas de garantir direitos. O esfacelamento do direito de greve faz par com a incessante criminalização dos movimentos sociais.

Como é comum nas ditaduras, até os menores agentes se sentem livres para soltar as garras de repressão. Um discurso judicial que reconhece legítima defesa no massacre, uma recomendação-mordaça que expulsa a política de espaços universitários, o estado de exceção admitido expressamente como fundamento para a exclusão da legalidade.

São pequenos estados de sítio incidentalmente declarados a cada dia.
O superpoder geral de cautela vai se tornando álibi para a supressão de liberdades e a solidez da cláusula pétrea desmancha no ar com a substituição de princípios por políticas abonadas pela mais alta Corte de justiça.

O encarceramento em massa que já fez nossa população prisional dobrar em uma década parece não ter sido ainda suficiente para aplacar tanta ira –apesar de combustível premium para o crescimento da própria criminalidade.

Embalado pelo sucesso midiático, o Ministério Público Federal apresenta um pacote de mudanças criminais que é um verdadeiro código da acusação –proposta de enorme potencial encarcerador e de vigor político para a própria instituição, amputando poder judicial e esmagando a defesa. Inúmeros mecanismos processuais norte-americanos são importados com entusiasmo, sem que se alerte que o encarceramento por lá resultou em 2,3 milhões de presos, majoritariamente negros, além de um altíssimo investimento no sistema penitenciário de que aqui nem se cogita.

Como conciliar 10 medidas encarceradoras com vinte anos de teto de gastos públicos, é uma pergunta que só faz calar.

Sim, é verdade, nós já vivemos crise pior que essa, seja na economia, seja na política.

Eu nasci em plena ditadura, entre o golpe de 64 e o AI-5. Quando fiz dezoito anos, estava nas ruas lutando por eleições diretas, que nos eram proibidas. Tínhamos ainda o porrete do Estado sobre nossas cabeças –Brasília sitiada por tanques, sindicalistas presos e um general no poder.

Havia, porém, um sopro de esperança no ar. A tarde caía como um viaduto, mas o futuro abria-se em um caminhão de perspectivas. Retomar a democracia, construir uma sociedade solidária, reduzir a enorme desigualdade que mantinha milhões em miséria.

Hoje quem tem dezoito anos é minha filha e saber que amanhã vai ser outro dia só nos remete a imagens ainda mais ameaçadoras.

Marcelo Semer é Juiz de Direito em SP e membro da Associação Juízes para Democracia. Junto a Rubens Casara, Márcio Sotelo Felippe, Patrick Mariano e Giane Ambrósio Álvares participa da coluna Contra Correntes, que escreve todo sábado para o Justificando.

O Decreto-lei 477, o golpe Temer e o ataque à educação e às liberdades

Quando observo as atitudes e palavras do ministro da Justiça e do ministro da Educação do governo de exceção de Temer, não posso de me recordar da ditadura de 1964 e do Decreto-Lei no. 477, 26 de fevereiro de 1969, que caiu como uma bomba e destruiu as universidades brasileiras. Este decreto-lei amordaçou a universidade, afastou professores e funcionários e jogou os alunos na clandestinidade.

Quando vejo a atuação das Polícias Militares de governadores falidos e desesperados, entrando nas escolas e universidades e expulsando alunos, reprimindo professores, lembro-me da atuação das polícias da ditadura militar.

Em 1971 entrei na Facildade de Economia que estava, naquela ocasião, sob a intervenção concedida pelo Decreto-Lei 477.

A Editora L&PM publicou na primavera de 1977 um livro do cartunista mineiro Caulos, intitulado Errar é Humano, com charges e desenhos publicados, em sua maioria, no Caderno B, do Jornal do Brasil.

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Quarenta e sete anos depois, em plena primavera de 2016, a besta-fera volta a mostrar o seu rabo, em medidas provisórias e leis inconstitucionais votadas e aprovadas de cambulhada, sem discussão.

Caulos retratou assim, na ocasião, o sentimento de todas as pessoas conscientes:

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Por que todas as ditaduras e regimes de exceção, em suas primeiras medidas arbitrárias, atacam os currículos escolares, a liberdade de ensinar e de aprender e a autonomia universitária?

Quando informamos sobre os tempos negros da ditadura sob o AI 5 e o 477, quem não viveu aquela época não tem noção do sufoco. Para ter uma ideia, leia a seguir a íntegra do Decreto-Lei 477.

DECRETO-LEI Nº 477, DE 26 DE FEVEREIRO DE 1969.

Revogado pela Lei nº 6.680, de 1979

Define infrações disciplinares praticadas por professôres, alunos, funcionários ou empregados de estabelecimentos de ensino público ou particulares, e dá outras providências.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, usando das atribuições que lhe confere o parágrafo 1º do Art. 2º do Ato Institucional nº 5, de 13 de dezembro de 1968,

DECRETA:

Art. 1º Comete infração disciplinar o professor, aluno, funcionário ou empregado de estabelecimento de ensino público ou particular que:

I – Alicie ou incite à deflagração de movimento que tenha por finalidade a paralisação de atividade escolar ou participe nesse movimento;

II – Atente contra pessoas ou bens tanto em prédio ou instalações, de qualquer natureza, dentro de estabelecimentos de ensino, como fora dêle;

III – Pratique atos destinados à organização de movimentos subversivos, passeatas, desfiles ou comícios não autorizados, ou dêle participe;

IV – Conduza ou realize, confeccione, imprima, tenha em depósito, distribua material subversivo de qualquer natureza;

V – Seqüestre ou mantenha em cárcere privado diretor, membro de corpo docente, funcionário ou empregado de estabelecimento de ensino, agente de autoridade ou aluno;

VI – Use dependência ou recinto escolar para fins de subversão ou para praticar ato contrário à moral ou à ordem pública.

§ 1º As infrações definidas neste artigo serão punidas:

I – Se se tratar de membro do corpo docente, funcionário ou empregado de estabelecimento de ensino com pena de demissão ou dispensa, e a proibição de ser nomeado, admitido ou contratado por qualquer outro da mesma natureza, pelo prazo de cinco (5) anos;

II – Se se tratar de aluno, com a pena de desligamento, e a proibição de se matricular em qualquer outro, estabelecimento de ensino pelo prazo de três (3) anos.

§ 2º Se o infrator fôr beneficiário de bolsa de estudo ou perceber qualquer ajuda do Poder Público, perdê-Ia-á, e não poderá gozar de nenhum dêsses benefícios pelo prazo de cinco (5) anos.

§ 3º Se se tratar de bolsista estrangeiro será solicitada a sua imediata retirada de território nacional.

Art. 2º A apuração das infrações a que se refere êste Decreto-lei far-se-á mediante processo sumário a ser concluído no prazo improrrogável, de vinte dias.

Parágrafo único. Havendo suspeita de prática de crime, o dirigente do estabelecimento de ensino providenciará, desde logo a instauração de inquérito Policial.

Art. 3º O processo sumário será realizado por um funcionário ou empregado do estabelecimento de ensino, designado por seu dirigente, que procederá às diligências convenientes e citará o infrator para, no prazo de quarenta e oito horas, apresentar defesa. Se houver mais de um infrator o prazo será comum e de noventa e seis horas.

§ 1º O indiciado será suspenso até o julgamento, de seu cargo, função ou emprêgo, ou, se fôr estudante proibido de freqüentar as aulas, se o requerer o encarregado do processo.

§ 2º Se o infrator residir em local ignorado, ocultar-se para não receber a citação, ou citado, não se defender, ser-lhe-á designado defensor para apresentar a defesa.

§ 3º Apresentada a defesa, o encarregado do processo elaborará relatório dentro de quarenta e oito horas, especificado a infração cometida, o autor e as razões de seu convencimento.

§ 4º Recebido o processo, o dirigente do estabelecimento proferirá decisão fundamentada, dentro de quarenta e oito horas, sob pena do crime definido no Art. 319 do Código Penal, além da sanção cominada no Item I do § 1º do Art. 1º dêste Decreto-lei.

§ 5º Quando a infração estiver capitulada na Lei Penal, será remetida cópia dos autos à autoridade competente.

Art. 4º Comprovada a existência de dado patrimonial no estabelecimento de ensino, o infrator ficará obrigado a ressarcí-lo, independentemente das sanções disciplinares e criminais que, no caso, couberem.

Art. 5º O Ministro de Estado da Educação e Cultura expedirá, dentro de trinta dias, contados da data de sua publicação, instruções para a execução dêste Decreto-lei.

Art. 6º Êste Decreto-lei entrará em vigor na data de sua publicação, revogadas as disposições em contrário.

Brasília, 26 de fevereiro de 1969; 148º da Independência e 81º da República.

A. COSTA E SILVA
Luís Antonio da Gama e Silva
Tarso Dutra

Este texto não substitui o publicado no D.O.U. de 26.2.1969

Obs: Desenhos de Caulos

Ocupação das escolas

Quase sempre presto atenção às opiniões do meu amigo de Facebook Luiz Carlos de Oliveira e Silva. Algumas de suas opiniões são polêmicas e causam debate e saudáveis discussões.

Não é este o caso no texto que compartilho a seguir. Embora o assunto possa, na superfície, parecer polêmico, na sua essência não é. Luiz Carlos retira as arestas e entrega uma opinião redonda, clara e incontestável.

É impressionante como o debate em curso hoje, no país, sobre quase tudo, está poluído. As pessoas misturam assuntos, não têm visão clara do que estão discutindo, quase nunca vão ao cerne das questões e nunca passam da repetição rasa das ideias simplistas jogadas no ar por jornalistas sem tempo e sem preparo, sempre pressionados pela necessidade de agradar os donos de jornais, revistas e TVs, seus patrões.

Quando a ideologia do jornalista, constatada por suas opiniões nas redes sociais, casa com a ideologia dos seus poderosos empregadores, temos a união do inútil com o desagradável. Entregam pizza de muçarela fria para um telespectador ou ouvinte distraído que já foi acostumado a engolir qualquer gororoba sem reclamar.

Hoje mesmo assisti uma matéria das Organizações (êta definição adequada para o que este grupo empresarial representa!) Globo com viés totalmente de acordo com o “padrão Globo” de manipulação da informação para formatar consciências e administrar as opiniões. Repórter escolhida: Gioconda Brasil. Na matéria jornalística o ministro da Educação, este sim um invasor despreparado para o cargo que ocupa, ameaça os alunos com processos de “ressarcimento” de eventuais custos declarando, fiz questão de anotar, que esta é uma “obrigação legal e moral” do ministério.

Ora, o douto ministro, que recebeu em seu gabinete o pedagogo Alexandre, guardião da moral e dos bons costumes, como primeira autoridade da área de educação a opinar sobre os futuros projetos educacionais do governo golpista, não tem a menor habilidade política para negociar, nem formação acadêmica ou intelectual para estar à frente de um ministério que deveria ser um dos mais importantes em um país em desenvolvimento como o Brasil.

A reforma do ensino médio por medida provisória sem discutir com ninguém além do sábio pedagogo escolhido, é uma prova de incompetência política e falta de inteligência do ministro. Ou arrogância típica dos regimes autoritários.

A imposição representada pela PEC 241/PEC 55 vai pelo mesmo caminho. Embora inconstitucional, com sérias ameaças para o futuro da educação no país, a famigerada PEC que congela os gastos reais com a educação por 20 anos não foi discutida com ninguém do meio educacional.

Segue o post do Luiz Carlos.

Paulo Martins

OCUPAÇÃO DAS ESCOLAS, por Luiz Carlos de Oliveira e Silva

Dois grupos de jovens:
1. Os jovens que ocupam escolas fazem uma luta de caráter coletivo. Querem que o preceito legal, que diz que educação é um direito do cidadão e um dever do estado, seja cumprido.
2. Os jovens que vão às escolas ocupadas exigir o fim das ocupações fazem uma luta de caráter individualista. Querem assegurar o direito de cada um deles de terem aulas já.
3. O primeiro grupo de jovens pensa coletivamente. Pensam nos seus direitos e nos dos jovens que virão. Eles não separam uma coisa da outra. Eles são de esquerda.
4. Os jovens do segundo grupo pensam individualmente. Pensam apenas nos seus interesses individuais imediatos. Eles querem os seus diplomas, e apenas isto. Eles são de direita.
5. Melhor dizendo: eles não querem apenas os seus diplomas… Eles querem o estado fora da educação! Acham que, assim, eles terão melhores chances na vida, com menos concorrência.
6. E pensar que há pessoas que dizem que a distinção entre esquerda e direita não faz mais sentido.
7. São de direita os que pensam assim, já reparou?