Partido Republicano norte-americano, muito partido, nada Republicano

O Partido Republicano está rachado. Trump implodiu o Partido Republicano. Mas ele não fez isso sozinho.

Existe o Republicano tradicional, conservador, sério nos seus propósitos embora às vezes questionáveis, mas sério, e existe, sob o mesmo guarda-chuva, um saco de gatos ideológico que abriga a ultra direita de Stephen “Steve” Bannon, de Trump, do Klu Klux Klan, da NRA, da QAnon e outras de ideologias similares, que deviam ter sido rejeitadas pelos Republicanos sérios. Essa turma radical se infiltrou e está destruindo o partido.

No Brasil, por exemplo, o PSDB está entregue nas mãos de Dória de um lado e de apoiadores de Jair Bolsonaro do outro. Perdeu sua identidade. O mesmo ocorre nos EUA onde Trump e as seitas do extremismo de direita tomaram parte importante do Partido Republicano. Sarah Palin, do Tea Party, virou uma senhora romântica se comparada às novas estrelas radicais como Banon, QAnon e outras seitas exdrúxulas, que estão tomando o Partido Republicano de assalto. Abrigados no Partido Republicano que finge não enxergá-los, embora antes de serem alçados aos cargos eletivos em nível nacional, tenham feito fama em nível local com suas ideias exdrúxulas como, por exemplo, Marjorie Taylor Greene, simpatizante do QAnon, eleita pelo Estado da Geórgia para a Câmara em 2020.

Os legítimos Republicanos, hoje minoria, correm o risco de desaparecer na esteira da radicalização política norte-americana e da invasão do seu partido pelos bárbaros.

É esse puxadão do Partido Republicano, falso, esse grupo dos invasores, que se recusa a aceitar uma derrota tão cristalina e acachapante nas urnas nas eleições presidenciais norte-americanas de 2020.

Esses grupos sequestraram o Partido Republicano tradicional e os Republicanos legítimos têm medo das milícias digitais – lá como aqui – da extrema direita neonazista de Bannon e afins. Esses Republicanos legítimos só criticam Trump em off e evitam admitir em público a derrota nas eleições.

Ora, 306 x 232 é um resultado indiscutível. Biden deve alcançar, quando a contagem dos votos for totalmente encerrada em todos os Estados, uma vantagem de 5.5 milhões de votos. Em condições normais, o Partido Republicano já teria admitido a derrota e o presidente derrotado já teria aberto as portas da Casa Branca para o vencedor, especialmente para permitir uma transição planejada e o necessário enfrentamento imediato da nova escalada da pandemia do Corona vírus.

O jogo jogado por Trump e seus seguidores vai deixar um rastro de doentes e infectados, que pode levar ao total de mais de 300.000 pessoas que perderam a luta para a Covid no dia da posse de Biden, em 20 de janeiro de 2021.

Trump parece olhar apenas para seu próprio umbigo. Não inova, não surpreende. Trump sendo Trump, por cima dos mortos empilhados