2019 nos espera na esquina …

BRASIL, UM PAÍS DO PASSADO

🇩🇪 Publicado na rede alemã Deutsche Welle
Na íntegra
Por: Philipp Lichterbeck
“No Brasil, está na moda um anti-intelectualismo que lembra a Inquisição, alimentado pela falsa noção de que a democracia significa que a minha ignorância é tão boa quanto o seu conhecimento.
Seus representantes preferem Silas Malafaia a Immanuel Kant. Os ataques miram o próprio esclarecimento.
É sabido que viajar educa o indivíduo, fazendo com que alguém contemple algo de perspectivas diferentes. Quem deixa o Brasil nos dias de hoje deve se preocupar. O país está caminhando rumo ao passado.
No Brasil, pode ser que isso seja algo menos perceptível, porque as pessoas estão expostas ao moinho cotidiano de informações. Mas, de fora, estas formam um mosaico assustador. Atualmente, estou em viagem pelo Caribe – e o Brasil que se vê a partir daqui é de dar medo.
Na história, já houve momentos frequentes de regresso. Jared Diamond os descreve bem em seu livro Colapso: Como as sociedades escolhem o fracasso ou o sucesso. Motivos que contribuem para o fracasso são, entre outros, destruição do meio ambiente, negação de fatos, fanatismo religioso. Assim como nos tempos da Inquisição, quando o conhecimento em si já era suficiente para tornar alguém suspeito de blasfêmia.
No Brasil atual, não se grita ‘herege!’, mas ‘comunismo!’. É a acusação com a qual se demoniza a ciência e o progresso social. A emancipação de minorias e grupos menos favorecidos: comunismo! A liberdade artística: comunismo! Direitos humanos: comunismo! Justiça social: comunismo! Educação sexual: comunismo! O pensamento crítico em si: comunismo!
Tudo isso são conquistas que não são questionadas em sociedades progressistas. O Brasil de hoje não as quer mais.
Porém, a própria acusação de comunismo é um anacronismo. Como se hoje houvesse um forte movimento comunista no Brasil. Mas não se trata disso. O novo brasileiro não deve mais questionar, ele precisa obedecer: ‘Brasil acima de tudo, Deus acima de todos’.
Está na moda um anti-intelectualismo horrendo, ‘alimentado pela falsa noção de que a democracia significa que a minha ignorância é tão boa quanto o seu conhecimento’, segundo dizia o escritor Isaac Asimov. Ouvi uma anedota de um pai brasileiro que tirou o filho da escola porque não queria que ele aprendesse sobre o cubismo. O pai alegou que o filho não precisa saber nada sobre Cuba, que isso era doutrinação marxista. Não sei se a historia é verdade. O pior é que bem que poderia ser.
A essência da ciência é o discernimento. Mas os novos inquisidores amam vídeos com títulos como:
‘Feliciano destrói argumentos e bancada LGBT’. Destruir, acabar, detonar, desmoralizar – são seus conceitos fundamentais. E, para que ninguém se engane, o ataque vale para o próprio esclarecimento.
Os inquisidores não querem mais Immanuel Kant, querem Silas Malafaia. Não querem mais Paulo Freire, querem Alexandre Frota. Não querem mais Jean-Jacques Rousseau, querem Olavo de Carvalho. Não querem Chico Mendes, querem a ‘musa do veneno’ (imagino que seja para ingerir ainda mais agrotóxicos).
Dá para imaginar para onde vai uma sociedade que tem esse tipo de fanático como exemplo: para o nada. Os sinais de alerta estão acesos em toda parte.
O desmatamento da Floresta Amazônica teve neste ano o seu maior aumento em uma década: 8 mil quilômetros quadrados foram destruídos entre 2017 e 2018. Mas consórcios de mineradoras e o agronegócio pressionam por uma maior abertura da floresta.
Jair Bolsonaro quer realizar seus desejos. O próximo presidente não acredita que a seca crescente no Sudeste do Brasil poderia ter algo a ver com a ausência de formação de nuvens sobre as áreas desmatadas. E ele não acredita nas mudanças climáticas. Para ele, ambientalistas são subversivos.
Existe um consenso entre os cientistas conhecedores do assunto no mundo inteiro: dizem que a Terra está se aquecendo drasticamente por causa das emissões de dióxido de carbono do ser humano e que isso terá consequências catastróficas. Mas Bolsonaro, igual a Trump, prefere não ouvi-los. Prefere ignorar o problema.
Para o próximo ministro brasileiro do Exterior, Ernesto Araújo, o aquecimento global é até um complô marxista internacional. Ele age como se tivesse alguma noção de pesquisas sobre o clima. É exatamente esse o problema: a ignorância no Brasil de hoje conta mais do que o conhecimento. O Brasil prefere acreditar num diplomata de terceira categoria do que no Instituto Potsdam de Pesquisa sobre o Impacto Climático, que estuda seriamente o tema há trinta anos.
Araújo, aliás, também diz que o sexo entre heterossexuais ou comer carne vermelha são comportamentos que estão sendo ‘criminalizados:. Ele fala sério. Ao mesmo tempo, o Tinder bomba no Brasil. E, segundo o IBGE, há 220 milhões de cabeças de gado nos pastos do país. Mas não importa. O extremista Araújo não se interessa por fatos, mas pela disseminação de crenças. Para Jared Diamond, isso é um comportamento caraterístico de sociedades que fracassam.
Obviamente, está claríssimo que a restrição do pensamento começa na escola. Por isso, os novos inquisidores se concentram especialmente nela. A ‘Escola Sem Partido’ tenta fazer exatamente isso. Leandro Karnal, uma das cabeças mais inteligentes do Brasil, com razão descreve a ideia como ‘asneira sem tamanho’.
A Escola Sem Partido foi idealizada por pessoas sem noção de pedagogia, formação e educação. Eles querem reprimir o conhecimento e a discussão.
Karl Marx é ensinado em qualquer faculdade de economia séria do mundo, porque ele foi um dos primeiros a descrever o funcionamento do capitalismo. E o fez de uma forma genial. Mas os novos inquisidores do Brasil não querem Marx. Acham que o contato com a obra dele transformaria qualquer estudante em marxista convicto. Acreditam que o próprio saber é nocivo – igual aos inquisidores. E, como bons inquisidores, exortam à denúncia de mestres e professores. A obra 1984, de George Orwell, está se tornando realidade no Brasil em 2018.
É possível estender longamente a lista com exemplos do regresso do país: a influência cada vez maior das igrejas evangélicas, que fazem negócios com a credulidade e a esperança de pessoas pobres. A demonização das artes (exposições nunca abrem por medo dos extremistas, e artistas como Wagner Schwartz são ameaçados de morte por uma performance que foi um sucesso na Europa). Há uma negação paranoica de modelos alternativos de família. Existe a tentativa de reescrever a história e transformar torturadores em heróis. Há a tentativa de introduzir o criacionismo. Tomás de Torquemada em vez de Charles Darwin.
E, como se fosse uma sátira, no Brasil de 2018 há a homenagem a um pseudocientista na Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul, que defende a teoria de que a Terra seria plana, ou
‘convexa’, e não redonda. A moção de congratulação concedida ao pesquisador foi proposta pelo presidente da AL e aprovada por unanimidade pelos parlamentares.
Brasil, um país do passado.”

  • Philipp Lichterbeck queria abrir um novo capítulo em sua vida quando se mudou de Berlim para o Rio, em 2012. Desde então, ele colabora com reportagens sobre o Brasil e demais países da América Latina para os jornais Tagesspiegel (Berlim), Wochenzeitung (Zurique) e Wiener Zeitung. Siga-o no Twitter em @Lichterbeck_Rio.

A cuidadosa construção da desigualdade brasileira, por Paulo Kliass

“A cuidadosa construção da desigualdade brasileira
Relatório da Oxfam tem mérito notável: mostrar que as injustiças sociais não são “naturais” – mas resultam de políticas impostas pelo 1% mais rico em favor de si mesmo

Publicado em OUTRASPALAVRAS
DESIGUALDADES
por Paulo Kliass
Publicado 28/11/2018 às 17:51 – Atualizado 10/12/2018 às 14:56

Por Paulo Kliass | Imagem: Pavel Kuchinsky

É fato amplamente sabido e reconhecido a desigualdade estrutural que sempre caracterizou a sociedade brasileira. O enfoque pode ser centrado na distribuição de renda, na distribuição do patrimônio, na distribuição da terra, na distribuição dos imóveis urbanos ou qualquer outro tipo de mensuração do fenômeno. Pouca importa o objeto avaliado, o resultado dos níveis de concentração é sempre impressionante. Trata-se de um país profundamente desigual, atributo infelizmente secular que nos acompanha ao longo da História.

Há um bom tempo que as universidades e as instituições de pesquisa se debruçam ao estudo e em busca de uma compreensão mais elaborada a respeito do tema. Como tudo nas ciências sociais, há uma permanente polêmica e muito debate a respeito das causas que estariam na base de tanta diferença e tamanha marginalização da maioria da população. Também são objeto de bastante discussão as metodologias e os índices utilizados para descrever essa realidade inquestionável.

Mas não nos iludamos, pois vivemos tempos estranhos, em que se tenta ressuscitar a própria teoria criacionista ou se questiona o fato da Terra ter sua forma arredondada. Assim, é bem possível que algum grupo saia por aí afirmando que essa coisa de desigualdade nada mais é do que outra manifestação desse “marxismo cultural” (sic) que nos domina e que a solução passa por impor a “escola sem partido” para impedir que se continue a praticar lavagem cerebral em nossas escolas. Pobres crianças que crescem deformadas por conta desses professores diabólicos e vermelhinhos.

Relatório Oxfam: quadro piorou

Mas o fato é que acaba de ser divulgado mais um importante relatório abordando o tema das desigualdades em nossas terras. O documento “País estagnado – Um retrato das desigualdades brasileiras – 2018” é um prato cheio para quem pretende conhecer mais de perto esse nossa triste realidade. O relatório foi elaborado pela Oxfam, uma importante e reconhecida organização não governamental que se dedica a esse tipo de trabalho.

O texto recebeu contribuição de pesquisadores de várias instituições e transmite aos leitores toda a segurança necessária para fundamentar as suas conclusões. O material analisado se dedicou a verificar a evolução do quadro das desigualdades na comparação entre os anos mais recentes, em particular o verificado entre 2016 e 2017.

Um indicador bastante utilizado para esse tipo de medição é o chamado índice de Gini. Ele pode variar entre 0 e 1, sendo que quando mais próximo da unidade, mais grave será o retrato da desigualdade analisada. Um dos dados que mais chamou a atenção foi a interrupção da queda do Gini da renda (medido de acordo com os dados da PNAD do IBGE). Desde 2002 havia uma pequena redução aferida a cada ano, indicando uma melhoria generalizada no padrão da distribuição de renda. Entre 2016 e 2017 essa queda foi estagnada.

Por mais questionável que possa ser considerada o uso da metodologia dos dados dessa pesquisa do IBGE, o fato é que desde 2002 a concentração de renda em geral vinha mesmo diminuindo. Esse processo tem tudo a ver com as políticas de valorização do salário mínimo, ampliação dos acessos à Previdência Social, à extensão dos benefícios do Bolsa Família e, principalmente, ao aumento da taxa de formalização do mercado de trabalho e às melhorias salariais. A partir de 2015, no entanto, a adoção da estratégia do austericídio pôs tudo a perder. Logo depois de reeleita para um segundo mandato, Dilma Roussef cometeu o famoso estelionato eleitoral e indicou Joaquim Levy para comandar o Ministério da Fazenda. Nelson Barbosa deu sequência ao estrago e, depois do golpeachment, Henrique Meirelles se esbaldou na maldade criminosa.

Austericídio e concentração.

Com essa súbita mudança na orientação da política econômica, o Brasil passou a perder em pouco tempo tudo aquilo que foi conquistado durante anos de políticas públicas afirmativas. Não foi por mero acaso que as consequências do extremismo conservador e fiscalista no comando das áreas econômicas do governo começaram a apresentar sua fatura logo na sequência, em 2016. Assim, as estatísticas oficiais vieram a revelar aquilo que a sensibilidade de análise das políticas sociais já escancarava a olhos nus. Miséria, desemprego, precariedade. Os setores mais desprotegidos da nossa estrutura social foram os mais atingidos e as melhorias obtidas nos níveis de desigualdade recuaram no tempo.

Se as informações coletadas comparassem, por exemplo, a concentração no topo da pirâmide socioeconômica (1% ou 0,5% dos mais ricos) com o restante, a situação seria ainda mais dramática. Isso porque o fenômeno concentrador se revelaria com toda a sua perversidade. Ao analisar o ocorrido com os chamados equivocadamente de “10% mais ricos” da PNAD, corre-se o risco de incluir como “ricos” um contingente expressivo de trabalhadores de salários melhores e setores de classe média. Além disso, na metodologia do IBGE, existe uma clara subdeclaração de outros rendimentos que não os do trabalho ou de aposentadorias. Essa é a razão pela qual cada vez mais se pressiona os órgãos da Receita Federal para obtenção de dados da declaração de imposto de renda de pessoas física (IRPF). Ali estão informações mais completas sobre os rendimentos totais e também de evolução de patrimônio.

O estudo da Oxfam faz uma tentativa de adicionar dados do IRPF à pesquisa da PNAD. Com isso, obtêm-se dois resultados interessantes. Em primeiro lugar, o valor do Gini aumenta em quase 10% no período posterior a 2007, revelando maior concentração de renda. Por outro lado, ao incluir tais informações tributárias, percebe-se que a estagnação na queda da desigualdade teve início antes mesmo da estratégia do austericídio, ou seja, ela já manifestava em 2012.

O documento apresenta outras informações para confirmar a virada de tendência da desigualdade. Os cenários para 2017 apontam para uma regressão na equiparação de renda entre mulheres e homens, bem como na comparação dos rendimentos entre brancos e negros. Além disso, os índices de mortalidade infantil apresentam piora expressiva, combinada à deterioração nos indicadores de pobreza. Para finalizar, o Brasil ainda recuou uma posição em termos de comparação internacional, caindo da 10ª para a 9ª pior distribuição entre países analisados. Enfim, nada a comemorar.

Crônica de uma tragédia anunciada.

O relatório apresenta também importante contribuição ao debate ao enfatizar os problemas associados à nossa estrutura tributária e aos mecanismos de despesa pública em programas sociais como ferramentas relevantes para atenuar os malefícios da concentração estrutural. A natureza regressiva de nosso sistema de impostos acaba por penalizar ainda mais as camadas de menor renda e aliviar os setores do alto da pirâmide quanto à sua contribuição para os cofres públicos. O modelo adotado na Constituição de 1988 foi bastante influenciado pela ideia de um de Estado de Bem Estar. Não obstante todas as dificuldades encontradas para sua implementação ao longo dessas três décadas de vigência, o fato concreto é que as politicas governamentais de ofertas de serviços públicos amplos e universais contribuíram para minorar os efeitos da desigualdade.

Esse quadro de deterioração, no entanto, corre o sério risco de ser ainda mais aprofundado com o resultado das eleições e os anúncios declarados de responsáveis pelo futuro governo de Bolsonaro. A opção declarada e assumida pela redução do protagonismo do Estado e pela abordagem ainda mais extremista na condução da austeridade fiscal deverá agravar o quadro da concentração e da desigualdade. A opção liberaloide por uma crença irresponsável no mercado como única entidade capaz de solucionar os problemas nacionais nos leva mais uma vez à narrativa de uma crônica de uma tragédia anunciada.

O único caminho pra impedir essa degradação é o esclarecimento do grave risco que a maioria da população enfrenta caso nada seja feito em sentido contrário. A mobilização política ampla e a pressão do movimento sindical também devem se dirigir ao Congresso Nacional para sugerir mudança na pauta para 2019. Um dos primeiros movimentos deveria ser pela revogação da Emenda Constitucional 95, que congela os gastos públicos por longos 20 anos e chancela como inevitável a opção pelo desmonte do Estado e das políticas sociais.

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CONGELAMENTO DOS GASTOS, CONGELAMENTO DOS GASTOS SOCIAIS, DESIGUALDADE, DESIGUALDADE DE GÊNERO, DESIGUALDADE RACIAL, DESIGUALDADES BRASILEIRAS, EMENDA CONSTITUCIONAL 95, GASTOS SOCIAIS, INJUSTIÇA FISCAL, POLÍTICAS PÚBLICAS, SISTEMA TRIBUTÁRIO”

SÓ PODIA SER MESMO DE PERNAMBUCO, por Fabrício Carpinejar

Poeta Fabrício Carpinejar responde Alexandre Frota com texto sobre Pernambuco
Poeta gaúcho escreveu em rede social texto que relembra qualidade cultural de Pernambuco em resposta a comentário polêmico do deputado eleito

Publicado em: 27/12/2018 14:56 Atualizado em: 27/12/2018 15:34

http://www.diariodepernambuco.com.br

Poeta se posicionou contra comentário polêmico do deputado Alexandre Frota. Crédito: Divulgação
O poeta, jornalista e escritor, Fabrício Carpinejar, se manisfestou através da sua conta no instagram contra o comentário polêmico do deputado eleito Alexandre Frota. No texto, Carpinejar reafirma a qualidade cultural e artística presentes em figura icônicas que nasceram em Pernambuco para fazer alusão de forma irônica a forma perjorativo em que Frota respondeu a um seguidor no twitter nos últimos dias.
Carpinejar é filho dos poetas Maria Carpi e Carlos Nejar e tem mais de 324 mil seguidores no instagram. A publicação do escritor foi curtida e aclamada, em uma hora, por mais de 4.500 pessoas.
Relembre o caso
Ao postar, na última terça-feira (25), afirmando que ‘o Twitter é a rede que mais tem professores, estudiosos, cientistas e lacradores culturais’, Frota foi surpreendido por um comentário: ‘Também tem ator pornô que não paga a pensão do filho’. De forma pejorativa, respondeu: ‘só podia ser de Pernambuco’. A publicação gerou uma repercussão negativa entre os usuários da rede.
Confira o texto na íntegra:
SÓ PODIA SER MESMO DE PERNAMBUCO
Fabrício Carpinejar
Só podia ser de Pernambuco a poesia geométrica de João Cabral, o teatro da vida real, a morte e vida severina. Só podia ser de Pernambuco o frevo, o maracatu, o Galo da Madrugada, a alegria ecumênica. Só podia ser de Pernambuco os bonecos de Olinda, o olhar oceânico do alto das igrejas e dos muros brancos. Só podia ser de Pernambuco a literatura de cordel, o raciocínio rápido do repente, a magia dos violeiros. Só podia ser de Pernambuco Manuel Bandeira e a Estrela da Manhã. Só podia ser de Pernambuco Nelson Rodrigues e o seu carinho pelos vira-latas mancos. Só podia ser de Pernambuco a infância misteriosa de Clarice Lispector, a descoberta da leitura. Só podia ser de Pernambuco Chico Science e o movimento manguebeat. Só podia ser de Pernambuco a cerâmica de Francisco Brennand e seus 1001 dias iluminados de esculturas e azulejos. Só podia ser de Pernambuco o modernismo de Cícero Dias, que já dizia em sua pintura: “Eu vi o mundo… ele começava no Recife”. Só podia ser de Pernambuco a pedagogia de Paulo Freire (do oprimido, da libertação, do compromisso, da autonomia e da solidariedade). Só podia ser de Pernambuco o cinema inovador de Kleber Mendonça Filho (“O Som ao Redor” e “Aquarius”) e de Cláudio Assis (“Amarelo Manga” e “Febre do Rato”). Só podia ser de Pernambuco a irreverência contagiante de Chacrinha. Só podia ser de Pernambuco a sociologia de Gilberto Freyre, profeta do multiculturalismo. Só podia ser de Pernambuco Vavá, o peito de aço, bicampeão mundial de futebol. Só podia ser de Pernambuco Luiz Gonzaga, o Rei do Baião. Só podia ser de Pernambuco o abolicionista Joaquim Nabuco.
Tem razão. Só podia ser mesmo de Pernambuco

Um Brecht por dia – 01.01.2019

Zum Freitod des Flüchtlings W. B.

Ich höre, daß du die Hand gegen dich erhoben hast
Dem Schlächter zuvorkommend.
Acht Jahre verbannt, den Aufstieg des Feindes beobachtend
Zuletzt an eine unüberschreitbare Grenze getrieben
Hast du, heißt es, eine überschreitbare überschritten.

Reiche stürzen. Die Bandenführer
Schreiten daher wie Staatsmänner. Die Völker
Sieht man nicht mehr unter den Rüstungen.

So liegt die Zukunft in Finsternis, und die guten Kräfte
Sind schwach. All das sahst du
Als du den quälbaren Leib zerstörtest.

Bertolt Brecht

UM BRECHT POR DIA – 23.12.18

Então é Natal! Pé na estrada. Um pulo ali do lado, na serra, e depois, para o ano novo, um abraço no Mujica.

Fiel ao espírito natalino e ao que nos espera em 2019, deixo vocês com uma série de textos de Brecht. Divirtam-se. Ou não. Em 15 dias, estarei de volta.

Paulo Martins

Um poema, duas traduções. Eu prefiro a tradução de Haroldo de Campos. E você?

A MÁSCARA DO MAL

Em minha parede há uma escultura de madeira japonesa

Máscara de um demônio mau, coberta de esmalte dourado,

Compreensivo observo

As veias dilatadas da fronte, indicando

Como é cansativo ser mau.

Em: Bertola Brecht – Poemas 1913 – 1956

Seleção e tradução de Paulo César de Souza

editora 34

A máscara do mal

Na minha parede, a máscara de madeira 

de um demônio maligno, japonesa –

ouro e laca. 

Compassivo, observo 

as túmidas veias frontais, denunciando

o esforço de ser maligno.

.

Die Maske des Bösen

An meiner Wand hängt ein japanisches Holzwerk

Maske eines bösen Dämons, bemalt mit Goldlack.

Mitfühlend sehe ich

Die geschwollenen Stirnadern, andeutend

Wie anstrengend es ist, böse zu sein.

– Bertolt Brecht, em “O duplo compromisso de Bertolt Brecht” [tradução Haroldo de Campos]. in: CAMPOS, Haroldo de.. O arco-íris branco. Rio de Janeiro: Imago, 1997.

Um Brecht por dia – 22.12.18

Então é Natal! Pé na estrada. Um pulo ali do lado, na serra, e depois, para o ano novo, um abraço no Mujica.

Fiel ao espírito natalino e ao que nos espera em 2019, deixo vocês com uma série de textos de Brecht. Divirtam-se. Ou não. Em 15 dias, estarei de volta.

Paulo Martins

QUEM SE DEFENDE

Quem se defende porque lhe tiram o ar

Ao lhe apertar a garganta, para este há um parágrafo

Que diz: ele agiu em legítima defesa. Mas

O mesmo parágrafo silencia

Quando vocês se defendem porque lhes tiram o pão.

E no entanto morre quem não come, e quem não come o suficiente

Morre lentamente. Durante os anos todos em que morre

Náo lhe é permitido se defender.

Em: Bertolt Brecht – Poemas 1913 – 1956

Seleção e tradução de

Paulo César de Souza

editora 3

Um Brecht por dia – 21.12.18

Então é Natal! Pé na estrada. Um pulo ali do lado, na serra, e depois, para o ano novo, um abraço no Mujica.

Fiel ao espírito natalino e ao que nos espera em 2019, deixo vocês com uma série de textos de Brecht. Divirtam-se. Ou não. Em 15 dias, estarei de volta.

Paulo Martins

NA MORTE DE UM COMBATENTE DA PAZ

À memória de Carl von Ossietzky

Aquele que não cedeu

Foi abatido

O que foi abatido

Não cedeu.

A boca do que preveniu

Está cheia de terra.

A aventura sangrenta

Começa.

O túmulo do amigo da paz

É pisoteado por batalhões.

Então a luta foi em vão?

Quando é abatido o que não lutou só

O inimigo

Ainda não venceu.

Dos poemas de Svendborg

Em: Bertolt Brecht – Poemas 1913 – 1956

Seleção e tradução de

Paulo César de Souza

editora 34

NOTA PÚBLICA DA AJD SOBRE A ADC 54

NOTA PÚBLICA DA AJD SOBRE A ADC 54

A Associação Juízes para a Democracia (AJD), entidade não governamental, de âmbito nacional, sem fins corporativos, que tem como um de seus objetivos estatutários a defesa dos direitos e garantias fundamentais e a manutenção do Estado Democrático de Direito, vem a público manifestar-se nos seguintes termos:

  1. Na data de 19/12/2018, tendo em vista o longo período desde quando foi a ADC 54 encaminhada para inclusão em pauta (04/12/2017) e dada a urgência da matéria, foi prolatada pelo ministro do STF relator Marco Aurélio Mello decisão concedendo liminar e determinando a imediata soltura de todas as pessoas privadas de liberdade em decorrência de condenação em apelação sem fundamentação no artigo 312, do CPP, por configurar vedada antecipação do cumprimento de pena. Na mesma data, a decisão foi revogada pelo Ministro Dias Toffoli, presidente do Supremo Tribunal Federal, muito embora não haja previsão legal que lhe confira competência regimental especifica para monocraticamente reconsiderar decisão de outro ministro, o que somente poderia ser feito pelo pleno da Corte, já que não se trata, no caso, de liminar em desfavor da Fazenda Pública.
  2. De início, ressalta-se que é inaceitável que o Alto Comando do Exército se reúna para deliberar sobre a decisão concessiva de liminar prolatada pelo Ministro Marco Aurélio Mello (https://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2018/12/19/alto-comando-do-exercito-se-reune-e-analisa-decisao-que-pode-soltar-lula.htm). A ratificação ou não de decisão emanada pelo Poder Judiciário não é providência incluída entre as atribuições das Forças Armadas brasileiras, que somente podem agir, ainda que na defesa da lei e da ordem, por iniciativa de um dos três Poderes, na forma do artigo 142, da Constituição da República. Certamente as Forças Armadas não têm atribuição para desautorizarem ou colocarem em dúvida decisão judicial regularmente proferida e fundamentada. Tampouco têm poder para decidir sobre estratégias a serem tomadas na área da Segurança Pública, eis que sua atuação é executória das decisões emanadas dos Poderes republicanos.
  3. Atitudes proativas das Forças Armadas não se coadunam com o Estado Democrático de Direito e devem ser firmemente rechaçadas, jamais olvidando dos deletérios efeitos do regime militar autoritário que submeteu o país a gravíssimas violações de Direitos Humanos na recente história brasileira com início no Golpe militar-empresarial de 1964.
  4. Por outro lado, o sistema prisional brasileiro apresenta grave quadro de superlotação que beira o percentual de 197,4% (http://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2018-06/populacao-carceraria-quase-dobrou-em-dez-anos), o que impossibilita a função declarada da pena de ressocialização dos indivíduos, dadas as péssimas condições de permanência, higiene e saúde das penitenciárias, infestadas que são de doenças que já se encontravam controladas e hoje ultrapassam os muros prisionais, tais como a tuberculose e a lepra.
  5. À vista dessa situação, o Supremo Tribunal Federal declarou o Estado de Coisas Inconstitucional, na ADPF 347, em decisao de 27/8/15, reconhecendo a inconstitucionalidade do sistema penitenciário brasileiro que se apresenta caótico.
  6. Ora, com 707.085 pessoas privadas da liberdade, a população carcerária brasileira é a terceira maior do mundo, formada por negros (64%) e, em mais da metade, por jovens de 18 a 29 anos, conforme informações obtidas em http://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2018-06/populacao-carceraria-quase-dobrou-em-dez-anos)
  7. O artigo 5º, LVII, da Constituição da república, expressamente estabelece que “ ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória”, estando vedada a aplicação antecipada da pena, apenas admitida a privação provisória de liberdade quando concretamente fundamentada a presença dos requisitos do artigo 312, do Código de Processo Penal.
  8. Apesar disso, segundo o Conselho Nacional de Justiça, 39,50% da população carcerária corresponde a réus presos em processos ainda não julgados e 24% a execuções provisórias de penas aplicadas em decisões judiciais de que ainda pode haver recurso. (https://paineis.cnj.jus.br/QvAJAXZfc/opendoc.htm?document=qvw_l%2FPainelCNJ.qvw&host=QVS%40neodimio03&anonymous=true&sheet=shBNMPIIMAPA)
  9. É inegável a urgência do julgamento da Ação Direta de Constitucionalidade 54 – DF que objetiva a declaração de validade jurídica do artigo 283, do Código de Processo Penal que normatiza no nível infraconstitucional a presunção de inocência e a obrigatoriedade de fundamentação das decisões que determinam a privação da liberdade.
  10. Nenhuma razão de ordem política pode embasar a omissão no julgamento da ADC 54 que não atinge tão-somente um réu acautelado em vedada antecipação de pena, mas cerca de 170.000 presos provisórios(https://paineis.cnj.jus.br/QvAJAXZfc/opendoc.htm?document=qvw_l%2FPainelCNJ.qvw&host=QVS%40neodimio03&anonymous=true&sheet=shBNMPIIMAPA).
  11. A não apreciação do mérito da ADC 54 incrementa o quadro caótico do sistema penitenciário porquanto consiste em omissão a permitir que réus em todo o Brasil iniciem o cumprimento de pena antes do trânsito em julgado da sentença condenatória, sem fundamento em fatos que demonstrem a necessidade da custódia, em confronto com o mandamento constitucional e com direto impacto no aumento da população carcerária.

Nesse passo, a Associação Juízes para a Democracia (AJD) reafirma o seu compromisso de respeito à ordem e às garantias constitucionais, que emanam do próprio Estado Democrático de Direito e que se mostram essenciais para o exercício pleno da democracia, declarando a urgência do julgamento da ADC 54 diante do quadro caótico do Sistema Carcerário brasileiro e, também, rechaçando a atitude do Alto Comando do Exército em se reunir para discutir decisão prolatada por Ministro da suprema Corte.

São Paulo, 20 de dezembro de 2018.

O STF é (deveria ser) a última trincheira da cidadania

“Tempos estranhos os vivenciados nesta sofrida República! Que cada qual faça a sua parte, com desassombro, com pureza d’alma, segundo ciência e consciência possuídas, presente a busca da segurança jurídica. Esta pressupõe a supremacia não de maioria eventual – conforme a composição do Tribunal –, mas da Constituição Federal, que a todos, indistintamente, submete, inclusive o Supremo, seu guarda maior. Em época de crise, impõe-se observar princípios, impõe-se a resistência democrática, a resistência republicana.” (Marco Aurélio Mello)

Damares, o estado é laico

A Damares relatou os abusos que sofreu na infância. Eu acredito nela. A princípio, sempre acredito no relatos das vítimas. Sempre. Portanto, acredito na Damares.

Mas ela tem que se lembrar que se amparar na religião é uma escolha pessoal da vítima. E ter o amparo do Estado para realizar sua escolha, seja ela qual for, é um DIREITO.

No exercício da função, ela tem que se comportar como uma ministra de um Estado Laico, e não como uma ministra evangélica. Se ela não consegue deixar sua religião fora do Estado, então ela não consegue ser ministra. Uma ministra das mulheres têm que representar todas as mulheres: as ateias, as umbandistas, as judias, as católicas etc. Ela só representa as evangélicas. Que ela peça demissão e sequer assuma uma pasta, pois já demonstrou, com seu discurso religioso sobre temas do Estado, não ter capacidade para exercer a função.
Nina Paduani

EXISTE DE FATO INCHAÇO NO FUNCIONALISMO BRASILEIRO? Por Mauro Osório

EXISTE DE FATO INCHAÇO NO FUNCIONALISMO BRASILEIRO?

O Ipea divulgou trabalho sobre o funcionalismo público no país. Hoje, o jornal O Globo divulgou o trabalho, dando destaque que o número de servidores aumentou 82% em 20 anos (entre 1995 e 2016), contra um crescimento de 30% da população. A Miriam Leitão apontou, no Bom Dia Rio de hoje, que teria ocorrido um inchaço da máquina pública.

Como assim se nos governos estaduais e federal o crescimento de funcionários públicos aumentou apenas 28%? Ou seja, cresceu menos do que o total da população.

Crescimento mais significativo, nesse período, ocorreu entre os funcionários públicos ativos na esfera municipal, de 175%. A maior parte da ampliação, no funcionalismo estadual e municipal, ocorreu nas áreas essenciais de Educação, Saúde e Segurança.

Devemos lembrar que a Constituição Cidadã de 1988 ampliou muito a determinação de funções em políticas sociais, que na maioria dos casos são executadas pelas prefeituras.

Além disso, os resultados dessas medidas, ao contrário do que alguns pensam, são ótimos. O Índice de Desenvolvimento Humano Municipal – IDHM mostra que, em 1991, não havia nenhum município no país com IDHM classificado como “alto”. Já em 2010 passaram a existir 1.889 municípios com essa classificação. Com IDHM “muito baixo” existiam, em 1991, 4.777 municípios. Em 2010, eram 32.

É necessário aprofundar este debate, sem preconceitos de qualquer tipo.

Hay gobierno? Soy contra: não adianta torcer pelo Íbis(*)

Este é um discurso de ódio? Muito pelo contrário. É um discurso em favor da lucidez, da discussão civilizada, de respeito a quem pensa diferente. Trata-se de saudável contraponto aos que se acham donos de uma tal “verdade” única, de inspiração divina, de um Deus medieval.

Primeiro, eles precisam entender que há quem não creia em Deus e, menos ainda, em um Deus tão perverso, vingativo e incoerente como o tal Deus que surge de suas falas evangelizadoras e exortações.

Em segundo lugar, se ampliarem seu horizonte de observação, vão descobrir que existe no mundo uma grande quantidade de Deuses e religiões e não só esta que pratica extorsão e sequestra cérebros e que eles pretendem enfiar no mundo político, no Legislativo, no Executivo, no Judiciário, nas escolas, no dia-a-dia de todos.

Em terceiro lugar, porque é consenso no mundo dito civilizado que a separação entre Estado e religião é fundamental para evitar guerras religiosas e civis, tão comuns no passado.

Um amigo argumentou que eu devia torcer para o governo do inominável dar certo. Perguntei o que seria, na opinião dele, “dar certo”. Ele parou, pensou no assunto – parecia ser a primeira vez – e respondeu, inseguro e genérico: “crescimento econômico e emprego”.

Então eu perguntei: onde a classificação do aborto como crime hediondo tem a ver com a economia? A bolsa estupro, por exemplo, não resiste a nenhuma análise mais séria. Por que é necessário cercear o estudo de História, Sociologia e Filosofia? Por que censurar as escolas e universidades? Por que este ódio ao civilizadamente correto e aos livros?

A resposta dele não foi inesperada: eu já votei no Lula, mas agora estou decepcionado com o PT. Quero mudança.

Obviamente, ele receberia uma resposta que falaria em Collor, FHC, Aécio, Hittler, Mussolini e Duke. Mas foi melhor parar naquele ponto. Meu interlocutor ia começar um discurso sobre a mudança pela mudança, previsível como tem sido em todos os casos, pois o repertório deles é chato, superficial e repetitivo.

Para a economia ele vai só torcer.

Para a volta da ditadura, para o retrocesso institucional e civilizatório ele vai continuar de olhos fechados. Eu não. Hay gobierno neoliberal, neomilitar, neofeudal, soy contra de véspera, porque de apoiadores de véspera e de torcedores apaixonados do Íbis o Brasil já está cheio.

(*) O Íbis é um time de futebol que se orgulhar de perder sempre. Já perde de véspera, apesar da torcida.

Logo após esta conversa, leio o texto, compartilhado a seguir, do Luiz Carlos Romanholli. Diz tudo o que não tive a oportunidade de dizer:

Paulo Martins

Fala-se em “torcer pelo governo Bolsonaro”. Bem, eu acho que a gente torce é pra time e pra ganhar a Mega-Sena. De governo se cobra os erros e se apoia os acertos. Todo cidadão é oposição, independentemente do governo. Mas, vá lá, vamos admitir que se possa torcer. Então, eu torço contra. Quero que dê errado. Muito errado. Por uma razão simples: o que significa esse governo dar certo? Vamos à lista (feita a partir das promessas de campanha e das escolhas ministeriais):

  • Concentração de renda e aumento da pobreza e da desigualdade.
  • Achatamento salarial.

  • Perda de direitos trabalhistas.

  • Fim da aposentadoria.

  • Aumento do lucro dos bancos.

  • Censura a escolas, universidades e professores, com perseguição ao pensamento crítico.

  • Desmonte do ensino público em favor de grandes grupos privados do setor.

  • Incentivo do ensino à distância.

  • Desmonte do SUS para beneficiar as operadoras dos planos privados.

  • Perseguição a opositores. Notadamente de esquerda, mas não só.

  • Tolerância à tortura.

  • Incentivo à violência policial, com a respectiva impunidade dos criminosos de farda.

  • Ameaça às liberdades democráticas e ao estado de direito.

  • Discurso oficial misógino e machista.

  • Perseguição aos movimentos de trabalhadores rurais.

  • Tolerância à violência contra mulheres, LGBTs e gays.

  • Desmonte das políticas afirmativas para essas “minorias”.

  • Aumento do desmatamento para atender os interesses do agronegócio e das mineradoras.

  • Aumento do número de homicídios com a liberação do porte de armas.

  • Frouxidão na fiscalização e punição de crimes ambientais.

  • Frouxidão na fiscalização e punição de trabalho escravo.

  • Desmonte do incentivo federal ao esporte.

  • Desmonte das universidades públicas.

  • Perseguição a índios e quilombolas.

  • Desmanche da cultura e “criminalização” de nossos artistas.

  • Tolerância à corrupção.

  • Fake news oficial.

  • Tolerância a crimes de racismo.

  • Interferência direta da religião (uma especificamente) nas decisões do executivo, ameaçando o estado laico e nos empurrando para uma temível teocracia.

  • Ameaça à liberdade de imprensa, com censura e chantagem usando o expediente de verbas públicas de publicidade.

  • Política externa suicida em nome de mentiras, moralismo tacanho, fanatismo religioso e desconhecimento histórico.

  • Subserviência aos Estados Unidos.

  • Entreguismo.

  • Falta de planejamento.

  • Memes ruins.

  • Muita burrice.

  • Muita mentira.

  • Mais burrice.

  • Muita corrupção.

  • Burrice pra caralho.

  • Muita cafonice.

  • Eu cheguei a mencionar burrice?

  • Excelentes salários para motoristas.

Eu quero que dê errado pra cacete.

“Eu nunca mais esqueci o valor da água”, César Benjamin

Compartilho, abaixo, texto de uma entrevista de César Benjamin às Organizações Globo sobre o AI 5 e as torturas praticadas pelos agentes do Estado, sob as ordens e/ou conivência dos ditadores que comandavam com mãos de ferro os destinos do País. A entrevista foi realizada na Globo, metida até os ossos no apoio à ditadura e conivente por omissão estratégica com as torturas e mortes. Globo entrevistando um ex-preso político torturado pela ditadura. Como se não tivesse nada com isso. Globo, logo a Globo. Que puta ironia!

Estamos metidos em uma situação complicada. Tortura é crime hediondo. Assassinato, esquartejamento, dar sumiço no corpo, perseguir inimigos internos, são todos crimes igualmente graves praticados por agentes do Estado, igualmente hediondos.

Aparece um candidato à presidência da Relespública e elogia assassinatos, tortura e os torturadores. É eleito. Este candidato, agora presidente eleito, elogia os assassinatos – diz que não foram em número suficiente – queria matar uns 30.000. Elogia a tortura e homenageia torturadores. Ele, o eleito, e sua Klan, compartilham do mesmo ódio pelo pensamento diverso. Uma evangelizadora – notem a carga negativa que acompanha a palavra – é nomeada ministra e propõe mudar a legislação penal para passar a considerar o aborto como crime hediondo, com todas as consequências trágicas que isso trará para a mãe que praticou este ato desesperado. E quer criar a “Bolsa-estupro” para forçar a vítima do estupro a carregar em seu ventre o resultado do humilhante estupro. Castigo duplo: o primeiro estupro e o segundo representado pelo nome do estuprador na certidão de nascimento do filho. Se não aceitar este castigo duplo, outro castigo, também feroz: condenação à prisão, por crime hediondo.

Se temos esses dois cristãos democratas e sua Klan para nos orientar pelos caminhos do bem, quem poderia temer pelo pior, não é mesmo?

Obs: o primeiro assassinato do novo governo que irá assumir já ocorreu. Só não foi devidamente divulgado pela grande mídia de aluguel. Matou o sonho de um país justo e solidário. Matou a paz, semeou o ódio. Liberou os monstros.

Paulo Martins

Leia o texto de César Benjamin:

“Uma pessoa botou a mão no meu ombro e disse: ‘Enquanto estiver com a mão no teu ombro, está tudo bem. Quando eu soltar vai começar’. Fiz perguntas banais, ele tirou a mão do meu ombro e senti a primeira descarga. Cai no chão, e aí começa o processo”.

“O processo tem intervalos e você fica com muita sede. Uma lembrança desse período torturante para mim, até hoje, é que cada vez que eu tomo um copo de água é um ritual. Eu nunca mais esqueci o valor da água, porque eu me senti morrendo de sede”.

A OBRA DE TODOS

A OBRA DE TODOS

“Onde, afinal, começam os direitos humanos universais? Em lugares pequenos, perto de casa – tão perto e tão pequenos que não podem ser vistos em qualquer mapa-múndi.

“Ainda assim, esse é o mundo de cada pessoa. A vizinhança onde mora, a escola ou a faculdade que frequenta, a fábrica, a fazenda ou escritório em que trabalha.

“Esses são os lugares onde cada homem, mulher e criança buscam uma justiça igualitária, oportunidades iguais, e dignidade sem discriminação.

“Caso esses direitos não sejam significativos em tais espaços, eles não vão ter significado em lugar algum.

“Sem a ação organizada dos cidadãos para defendê-los próximo a suas casas, nós esperaremos em vão por progressos no mundo como um todo.”

(Eleanor Roosevelt, ex-primeira-dama dos Estados Unidos, membro da Comissão de Direitos Humanos das Nações Unidas)
.
10/dez/2018 – 70 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos.

DireitosHumanos #Paz #Justiça #Democracia #Liberdade #Humanismo

Por Gabriel Priolli

Ministro anti-Meio Ambiente

André Trigueiro é um artista. Consegue equilibrar-se em uma corda bamba: atua profissionalmente em favor de pautas ambientais e trabalha na Globo. Neste texto ele mostra que o ministro nomeado para o Ministério do Meio Ambiente é, na verdade, um anti-Ministro infiltrado para detonar todas as ações destinadas à proteção ambiental. Mas, no fim do texto nosso bom e fofo André diz: “Que esteja à altura do cargo e dos desafios que terá pela frente”. Ora, se André Trigueiro sabe que o ministro  é uma ameaça para o meio ambiente e escreveu o texto para alertar-nos sobre este perigo, por que diabos ele encerra seu texto assim? Pelos diabos?

Paulo Martins

‘Agora é a hora de agir. Vamos mostrar que você não aguenta mais essa cambada de maconheiro baba-ovo de bandido. Já deu o que tinha que dar. #tolerânciazero’
Por André Trigueiro

09/12/2018 17h22 Atualizado há 22 horas

Publicado no G1

Com essa convocação publicada em seu blog na véspera do 1° turno das eleições, Ricardo Salles tentou se eleger deputado federal por São Paulo. Não deu certo. Derrotado nas urnas, ganhou como prêmio de consolação do presidente eleito Jair Bolsonaro o cargo mais importante de sua vida. Aos 43 anos, este jovem advogado com especialização em administração de empresas será o novo ministro do Meio Ambiente.
A escolha se deve menos a uma reconhecida competência técnica na área ambiental do que a afinidades ideológicas. Ricardo Salles nunca foi lembrado no meio ambientalista como um nome forte para ocupar a pasta. Criador do Movimento Endireita Brasil (MEB), ele vinha se destacando pela ferocidade com que defende ideias em favor do conservadorismo e do liberalismo. Chegou a declarar-se certa vez “o único direitista assumido do Brasil”. Durante a campanha eleitoral deste ano, o MEB (tendo à frente Salles) virou notícia ao publicar em suas redes sociais um anúncio oferecendo recompensa de R$ 1.000,00 a quem gravasse um vídeo com ataques a Ciro Gomes. As publicações citavam o restaurante onde o candidato do PDT almoçava. Após a repercussão negativa, a publicação foi apagada.
Dentre todos os nomes cotados para o cargo, Ricardo Salles foi certamente o que contou com o maior número de apoios, como o da Sociedade Rural Brasileira (SRB), a União da Agroindústria Canavieira (Unica), FIESP, construção civil e comércio. Curiosamente, setores da economia que mais se queixam da atuação firme dos órgãos ambientais nos processos de licenciamento e fiscalização. Não me lembro de outro ministro do Meio Ambiente que tenha contado com um lobby tão poderoso para alcançar o cargo.
Salles teve uma passagem tumultuada pelo Governo Alckmin onde foi secretário particular do Governador de São Paulo e, mais tarde, para perplexidade de muitos tucanos, secretário de Meio Ambiente. Tornou-se réu em uma ação civil pública sob a acusação de ter alterado ilegalmente o zoneamento da proposta de plano de manejo da Área de Proteção Ambiental da Várzea do Rio Tietê. Em outro inquérito, o secretário passou a ser investigado por ter realizado chamamento público, sem autorização legislativa, para a concessão ou venda de 34 áreas do Instituto Florestal. Acabou sendo afastado do cargo pelo governador um ano depois da nomeação. Há ainda várias outras denúncias que marcaram a rápida passagem de Salles pela Secretaria.

Importante saber se o novo ministro pensa como Bolsonaro que o Ibama é uma “fábrica de multas”. Penso que se foi escolhido é porque concorda, o que seria lamentável. O Ibama existe para cumprir o que diz a lei. Enfraquecê-lo significa abrir caminho para novas tragédias, como o vazamento da Samarco. Certa vez, ao entrevistar o ex-czar da economia nos anos de chumbo da ditadura, o ex-ministro Delfim Netto, ouvi dele a seguinte defesa em favor da regulação ambiental do setor produtivo: “Se não regular, eles vão destruir tudo. Não vai sobrar nada”.
Outra questão importante é a autonomia do Ministério do Meio Ambiente. O titular da pasta precisa ser o fiel escudeiro do artigo 225 da Constituição brasileira, o qual afirma que “Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao poder público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.” É o que se espera de Ricardo Salles. Qualquer ato de subserviência aos interesses corporativos – principalmente do lobby que o apoiou – afronta o cargo que ocupa.
Além disso, é importante lembrar que ser ministro do Meio Ambiente do Brasil significa promover a gestão dos recursos naturais da maior potência megabiodiversa do planeta. Somos o país do mundo com a maior floresta tropical úmida, o maior estoque de água doce, a maior biodiversidade, a maior quantidade de solo fértil pronto para o plantio (sem a necessidade de derrubar uma árvore sequer). Caberá a Ricardo Salles a gestão de quase 10% do território nacional, que é a soma das Unidades de Conservação, absolutamente estratégicas para a regulação do clima, produção de chuvas, armazenamento de água e de tesouros biotecnológicos fundamentais para a produção de remédios e vacinas. As mesmas Unidades de Conservação que nos últimos 5 anos perderam, com desmatamentos criminosos, uma área equivalente a quase 3 vezes a cidade de São Paulo.

O projeto dos sonhos de Jair Bolsonaro era unificar as pastas da Agricultura e do Meio Ambiente, mas foi desaconselhado pelos próprios ruralistas que temiam retaliações dos importadores de grãos e proteína animal. Como se sabe, muitos importadores não querem passar recibo de “desmatador da Amazônia” ou “invasor de territórios indígenas”. O presidente eleito recuou. E deixou a escolha do titular da pasta do Meio Ambiente por último dentre os 22 colaboradores do primeiro escalão do governo.
O ministro do Meio Ambiente precisa ser o “xerife” que protege os recursos naturais fundamentais à vida, e o grande defensor do desenvolvimento sustentável, o único possível, se desejarmos um crescimento equilibrado e perene na linha do tempo. A gestão ambiental não pertence a nenhuma ideologia política, nem de direita nem de esquerda. Sustentabilidade é sinônimo de sobrevivência, e o novo ministro deverá realizar escolhas que poderão contrariar apetites vorazes de crescimento rápido que não levam em conta o interesse coletivo ou a resiliência dos ecossistemas. Que esteja à altura do cargo e dos desafios que terá pela frente.

Infiltrado na Klan, crítica de Fábio Gomes, no Omelete

Compartilho crítica de Fábio de Souza Gomes publicada no site de crítica cinematográfica Omelete. O que ocorreu no final do filme comprova tratar-se de uma obra necessária, ainda mais no mundo atual. Três ou quatro mulheres começaram a se manifestar gritando “ele não”. Pareceu espontâneo, pois vinha de diferentes pontos e eram gritos que mostravam certa timidez. Um número maior de pessoas aplaudiu. Um homem, de pé, gritou “ele sim”, mais de uma vez. Muita gente reagiu. Ele foi chamado de racista. Ele se deu conta que não estava em uma rede social, usando uma identidade falsa. 

Assista o filme e observe a triste e gritante semelhança com os tempos sombrios que estamos enfrentando no Brasil. Favor observar, em determinado ponto desta crítica o autor da avisa sobre um spoiler (spoiler = expõe uma pequena parte do que acontece no filme)

Abraço a todos, 

Paulo Martins

Infiltrado na Klan
Spike Lee cria um dos melhores filmes de sua carreira em uma obra necessária nos dias atuais
FÁBIO DE SOUZA GOMES
21.11.2018
23H37
ATUALIZADA EM
22.11.2018
00H47
Infiltrado na Klan seria absurdo se não fosse real. O longa mostra a história verdadeira de Ron Stallworth (John David Washington), o primeiro policial negro a conseguir se infiltrar na Ku Klux Klan. Por ser negro, obviamente, ele não pode participar das reuniões pessoalmente e, por isso, enquanto marca tudo por telefone seu parceiro Flip Zimmerman (Adam Driver) assume sua identidade junto aos membros da KKK. Os dois chegam aos níveis mais altos da organização em um dos filmes mais importantes do ano.
Como a história se passa nos anos 70, Spike Lee consegue fazer uma grande homenagem a Blacksploitation – um movimento cinematográfico dos EUA que surgiu durante esse período onde diretores e atores negros começaram a produzir uma série de filmes. A fotografia, o estilo e o humor são referências diretas ao gênero, que ganha homenagens inclusive no cartaz da produção. Tudo isso deixa o longa com um tom mais leve e, com isso, as críticas sociais do cineasta tem um efeito único: são capazes de fazer o espectador rir ao mesmo tempo que o deixa reflexivo e desconfortável. A obra está recheada de cenas onde o preconceito é representado de uma maneira caricata, mas o que parece loucura é um retrato cada vez mais próximo e fiel da nossa realidade atual.
Apesar de se passar nos anos 70, os membros da “organização” (como ela é chamada no filme) tocam em temas recentes como o que ficou conhecido hoje como as fake News. Durante uma conversa com Flip, um dos membros da KKK fala que o Holocausto foi uma grande mentira e que a mídia tradicional está escondendo a verdade. Esse é apenas um dos vários exemplos de como Lee cria uma ponte para o presente ao mostrar que o preconceito sempre contou com a desinformação para se disseminar. Além disso, essa conversa é um dos vários fatores que ajudam na jornada do personagem de Adam Driver.
Flip é um homem branco que nunca se preocupou com o preconceito pois nunca o sofreu. Porém, ao se infiltrar na Klan, ele começa a refletir sobre sua origem judia, sobre o racismo e passa a enxergar o mundo por uma nova perspectiva. Lee, com isso, toca na ferida e mostra que grande parte da sociedade não se interessa por direitos civis e igualdade de raça e gênero pois simplesmente não consegue enxergar um problema – que só fica claro quando sentem na própria pele.
Essa jornada só funciona tão bem por conta do ótimo trabalho de Driver, cuja a principal relação é com John David Washington, que vive o verdadeiro Ron por telefone. O personagem é o fio condutor do filme e sofre com conflitos próprios, pois ao mesmo tempo em que está dedicado a derrubar a Klan é considerado por seu principal interesse romântico, a ativista vivida por Laura Harrier, um traidor da própria raça por ser policial. O personagem tenta equilibrar os dois mundos, sentindo-se por muitas vezes isolado, e Washington consegue brilha em cena nesses momentos.
A dupla faz com que essa história absurda – e, sempre importante reforçar, real – pareça crível e o público embarca nessa jornada que chega até ao grão-mestre da KKK, David Duke (Topher Grace), que é o grande vilão do filme.
Duke é mais um dos grandes trunfos de Lee, que mostra um homem que disfarça seu discurso racista em ideias de falso nacionalismo. O diretor não demoniza o personagem e o mostra como um homem carismático consegue conquistar os outros pela desinformação e o medo. Esse discurso explode na tela nas cenas finais, que transformam o tom do filme.
(CUIDADO COM SPOILER, O PARÁGRAFO EM ITÁLICO PODE ESTRAGAR A SUA EXPERIÊNCIA).
O diretor decide mostrar cenas reais do conflito de Charlottesville em 2017 – onde neo-nazista tomaram as ruas para protestar contra negros, judeus e imigrantes. Com uma edição hábil, Lee mostra como um presidente como Donald Trump deu espaço para que o preconceito tomasse as ruas e, mais tarde, foi incapaz de rechaçar as marchas ao dizer que “nem todas as pessoas do protesto eram ruins” ao mesmo tempo em que pessoas eram atropeladas, feridas e David Duke voltava para as ruas para apoiar o mandatário americano.
O uso do silêncio ao final das cenas caóticas leva o espectador a reflexão do atual momento não só dos EUA, mas de todo o planeta onde movimentos como esse estão crescendo cada vez mais e discursos de ódio estão ganhando espaço. Um final que contrasta diretamente com o bom humor do filme e, por conta disso, fica ainda mais forte e pesado.
(FIM DO SPOILER)
Spike Lee volta a sua melhor forma e cria um dos melhores trabalhos de sua carreira. O filme é muito mais do que um bom divertimento. Infiltrado da Klan é uma produção necessária nos dias atuais e pode gerar reflexões para o futuro.

Sobre parvos e pascácios, a mentira retroalimentada

O capitão da  Bolsa (a outra, a que comprou seu mandato de presidente) sempre que pode declara, para justificar previamente seu fracasso, que vai pegar uma economia destroçada pelos governos do PT. Não sei como ele chegou a essa conclusão pois, como ele mesmo confessou – e nem precisava ter confessado, de tão evidente -, “Não entende nada de Economia”. Suas declarações absurdas sobre as metodologias do IBGE-Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística deixaram claro que ele também não entende nada de estatística.

Ele, o capitão da Bala, do Boi, da Bíblia evangélica, da Bolsa e do Patrão, fala as asneiras que fala porque tem seguidores tão ou mais ignorantes que ele: terraplanistas, kitgaysistas, mamadeirasdebicopiroquistas, os escolasempartidistas, os anticomunistas, os fakeistas, os olavetistas … A aprovação destas plateias ignaras  tem efeito devastador pois retroalimenta e impulsiona o redemoinho da ignorância e da bajulação: todos os parvos e pascácios, parentes em primeiro grau ou não, scolaris, boechatis, lorenzonis, moros, vélezis e ernestos, invejosos, danam a falar besteiras para ver se ultrapassam o chefe e conseguem seus 15 minutos de fama. Podem desistir: o chefe é imbatível porque sua ignorância e “toscicidade” é autêntica. O bicho é esse poço transparente de ignorância mesmo, curto e grosso. E os seus semelhantes enxergam nele um espelho que lhes reflete a alma.

Esta introdução é para apresentar dados que contestam as afirmações do capitão bárbaro. Já publiquei neste blog estatísticas completas de 20 anos da economia brasileira, comprovando a boa gestão dos governos do PT no período indicado. Apresento, a seguir, um resumo. Não sei quem foi o autor do resumo, que compartilho do mural de Márcia Simões.

Acho que para quem mais interessa a leitura destes dados não vai adiantar nada, seja por déficit cognitivo ou pura má-fé mesmo. De qualquer forma os dados estão aí, nus e crus, para desmentir presidente-fake que não desce do palanque e assume postura de estadista, porque não adianta tentar forçar a natureza.

Paulo Martins

  1. Produto Interno Bruto:
    2002 – R$ 1,48 trilhões
    2013 – R$ 4,84 trilhões
  2. PIB per capita:
    2002 – R$ 7,6 mil
    2013 – R$ 24,1 mil

  3. Dívida líquida do setor público:
    2002 – 60% do PIB
    2013 – 34% do PIB

  4. Lucro do BNDES:
    2002 – R$ 550 milhões
    2013 – R$ 8,15 bilhões

  5. Lucro do Banco do Brasil:
    2002 – R$ 2 bilhões
    2013 – R$ 15,8 bilhões

  6. Lucro da Caixa Econômica Federal:
    2002 – R$ 1,1 bilhões
    2013 – R$ 6,7 bilhões

  7. Produção de veículos:
    2002 – 1,8 milhões
    2013 – 3,7 milhões

  8. Safra Agrícola:
    2002 – 97 milhões de toneladas
    2013 – 188 milhões de toneladas

  9. Investimento Estrangeiro Direto:
    2002 – 16,6 bilhões de dólares
    2013 – 64 bilhões de dólares

  10. Reservas Internacionais:
    2002 – 37 bilhões de dólares
    2013 – 375,8 bilhões de dólares

  11. Índice Bovespa:
    2002 – 11.268 pontos
    2013 – 51.507 pontos

  12. Empregos Gerados:
    Governo FHC – 627 mil/ano
    Governo Lula – 1,79 milhões/ano

  13. Taxa de Desemprego:
    2002 – 12,2%
    2013 – 5,4%

  14. Valor de Mercado da Petrobras:
    2002 – R$ 15,5 bilhões
    2014 – R$ 104,9 bilhões

  15. Lucro médio da Petrobras:
    Governo FHC – R$ 4,2 bilhões/ano
    Governo Lula – R$ 25,6 bilhões/ano

  16. Falências Requeridas em Média/ano:
    Governo FHC – 25.587
    Governo Lula – 5.795

  17. Salário Mínimo:
    2002 – R$ 200 (1,42 cestas básicas)
    2014 – R$ 724 (2,24 cestas básicas)

  18. Dívida Externa em Relação às Reservas:
    2002 – 557%
    2014 – 81%

  19. Posição entre as Economias do Mundo:
    2002 – 13ª
    2014 – 7ª

  20. PROUNI – 1,2 milhões de bolsas

  21. Salário Mínimo Convertido em Dólares:
    2002 – 86,21
    2014 – 305,00

  22. Passagens Aéreas Vendidas:
    2002 – 33 milhões
    2013 – 100 milhões

  23. Exportações:
    2002 – 60,3 bilhões de dólares
    2013 – 242 bilhões de dólares

  24. Inflação Anual Média:
    Governo FHC – 9,1%
    Governo Lula – 5,8%

  25. PRONATEC – 6 Milhões de pessoas

  26. Taxa Selic:
    2002 – 18,9%
    2012 – 8,5%

  27. FIES – 1,3 milhões de pessoas com financiamento universitário

  28. Minha Casa Minha Vida – 1,5 milhões de famílias beneficiadas

  29. Luz Para Todos – 9,5 milhões de pessoas beneficiadas

  30. Capacidade Energética:
    2001 – 74.800 MW
    2013 – 122.900 MW

  31. Criação de 6.427 creches

  32. Ciência Sem Fronteiras – 100 mil beneficiados

  33. Mais Médicos (Aproximadamente 14 mil novos profissionais): 50 milhões de beneficiados

  34. Brasil Sem Miséria – Retirou 22 milhões da extrema pobreza

  35. Criação de Universidades Federais:
    Governo Lula – 18
    Governo FHC – ZERO!!!

  36. Criação de Escolas Técnicas:
    Governo Lula- 214
    Governo FHC – 11
    De 1500 até 1994 – 140

  37. Desigualdade Social:
    Governo FHC – Queda de 2,2%
    Governo Lula – Queda de 11,4%

  38. Produtividade:
    Governo FHC – Aumento de 0,3%
    Governo Lula – Aumento de 13,2%

  39. Taxa de Pobreza:
    2002 – 34%
    2012 – 15%

  40. Taxa de Extrema Pobreza:
    2003 – 15%
    2012 – 5,2%

  41. Índice de Desenvolvimento Humano:
    2000 – 0,669
    2005 – 0,699
    2012 – 0,730

  42. Mortalidade Infantil:
    2002 – 25,3 em 1000 nascidos vivos
    2012 – 12,9 em 1000 nascidos vivos

  43. Gastos Públicos em Saúde:
    2002 – R$ 28 bilhões
    2013 – R$ 106 bilhões

  44. Gastos Públicos em Educação:
    2002 – R$ 17 bilhões
    2013 – R$ 94 bilhões

  45. Estudantes no Ensino Superior:
    2003 – 583.800
    2012 – 1.087.400

  46. Risco Brasil (IPEA):
    2002 – 1.446
    2013 – 224

  47. Operações da Polícia Federal:
    Governo FHC – 48
    Governo Lula- 1.273 (15 mil presos)

  48. Varas da Justiça Federal:
    2003 – 100
    2010 – 513

  49. 38 milhões de pessoas ascenderam à Nova Classe Média (Classe C)

  50. 42 milhões de pessoas saíram da MISÉRIA!

FONTES:
47/48 – http://www.dpf.gov.br/agencia/estatisticas
39/40 – http://www.washingtonpost.com
42 – OMS, Unicef, Banco Mundial e ONU
37 – índice de GINI: http://www.ipeadata.gov.br
45 – Ministério da Educação
13 – IBGE
26 – Banco Mundial